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Crítica/"Caro Sr. Horten"
Longa norueguês explora vidas lacônicas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A interação de gente lacônica com planos abertos fixos parece ter se
transformado num subgênero
do cinema, vide a estranha sucursal latina de filmes como
"Whisky" e "Gigante".
O estilo pode ter relação distante com Buster Keaton ou
Jacques Tati, reprocessados
por Aki Kaurismäki ("O Homem sem Passado"), Elia Suleiman ("Intervenção Divina") ou
Roy Andersson ("Vocês, Os Vivos") como provas de estilo.
O norueguês "Caro Sr. Horten", de Bent Hamer, sugere essa busca pelo lacônico como alguma fórmula a ser perseguida.
O filme propõe que a vida deve ser vivida enquanto ainda há
tempo. Chama a atenção que o
estilo aparentemente frio ganhe notas dissonantes com um
certo tom piegas. Há uma trilha
sonora lugar-comum que dá ao
relato um ar desagradável de
história fofinha.
No inverno da sua vida (neva
muito no filme), o personagem
titular (Baard Owe) chega à
aposentadoria depois de 40
anos conduzindo locomotivas
que seguiam retas entre ponto
A e ponto B.
O'Horten será obrigado, portanto, a lidar com uma vida livre e não linear, entendendo o
quanto suas funções foram restritivas como projeto de vida.
Passará a interagir com as ruas
de Oslo e seus personagens.
É um ponto de partida válido,
já visto com semelhança temática por David Lynch no lindo e
subestimado "A História Real"
(1999). "Caro Sr. Horten", de
qualquer forma, tem vida no
rosto forte de Owe, que apela
para o fumo do seu cachimbo
como saída para pequenos pânicos e grandes dúvidas.
Sobre dúvidas, observe o final. Poderá ser questionado pelos que verão ideias distintas.
Seria desonesto, piegas ou humano na sua (in)coerência,
uma conclusão, acreditamos,
sintonizada com a alma escandinava desse homem bom e
triste.
(KLEBER MENDONÇA FILHO)
CARO SR. HORTEN
Direção: Bent Hamer
Produção: Noruega/ Alemanha/
França, 2007
Com: Bard Owe, Espen Skjonberg
Onde: no Cinesesc
Classificação: 12 anos
Avaliação: regular
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