São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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CRÍTICA BIOGRAFIA

Mesmo sem ter novidades, livro agrada fãs de The Doors


"HOJE, EU TERIA COLOCADO JIM MORRISON CONTRA A PAREDE. MAS EU TAMBÉM TINHA MEDO DELE. ELE TINHA UM PODER IMENSURÁVEL", DIZ O BATERISTA DO GRUPO THE DOORS


ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Chega ao Brasil, em formato reduzido, um livro que promete agradar a qualquer fã de Jim Morrison (1943-1971): "The Doors por The Doors".
A edição original norte-americana era em formato grande e capa dura, um livrão de mesa com lindas fotos e boas entrevistas com os Doors remanescentes, com colaboradores como o produtor Paul Rotchild e com a família de Jim Morrison conduzidas pelo experiente Ben Fong-Torres (ex-editor da revista "Rolling Stone"). A edição brasileira é publicada em tamanho padrão.
Mesmo assim, é uma ótima pedida para quem curte o grupo. O livro mantém as fotos (são 179), muitas inéditas, e tem uma ótima tradução de Roberto Muggiati.
The Doors já foi objeto de diversos livros. O melhor deles é "No One Here Gets Out Alive" (no Brasil, "Daqui Ninguém Sai Vivo"), de Danny Sugerman e Jerry Hopkins.
Dois ex-integrantes da banda, o tecladista Ray Manzarek e o baterista John Densmore, já lançaram suas próprias versões sobre a história do grupo. "The Doors por The Doors", embora não traga grandes novidades para o fanático pela banda, tem o mérito de juntar os três Doors remanescentes e ainda incluir entrevistas com os pais e irmãos de Morrison.

ALCOOLISMO E DROGAS
A família do cantor fala sobre a infância e adolescência do astro e sobre sua complicada vida familiar. Fong-Torres, jornalista que escreveu um famoso obituário de Morrison na "Rolling Stone", em 1971, coletou também dezenas de entrevistas do próprio cantor, que ajudam a esclarecer diversas histórias.
Biografias aprovadas por biografados geralmente tendem para a chapa branca, evitando temas espinhosos. Não é o caso. As crises de alcoolismo e drogas de Morrison e suas explosões de raiva são tratadas de forma clara por ex-colegas e familiares.
John Densmore lembra: "Era difícil ver um amigo se destruindo e não poder fazer nada para impedi-lo (...) Hoje, eu o teria colocado contra a parede. Mas eu também tinha medo dele. Ele tinha um poder imensurável". "Uma questão que não discutimos é a sensação de terror que ele era capaz de infligir às vezes", diz Ray Manzarek."Acredito que essa era uma parte importante de sua personalidade e acho que a plateia conseguia sentir isso às vezes. Em certas ocasiões, ele chegava ao limite."
O livro não se aprofunda muito no processo de composição da banda ou em detalhes técnicos de gravação. Também não há muitas tramas sórdidas de bastidores ou histórias picantes. É, afinal, uma biografia autorizada. Mas "The Doors por The Doors" tem o mérito de contar a história do grupo de forma clara e sem rodeios. E as fotos valem o livro.


THE DOORS POR THE DOORS

ORGANIZAÇÃO Ben Fong-Torres
EDITORA Agir
TRADUÇÃO Roberto Muggiati
QUANTO R$ 59,90 ( 384 págs.)
AVALIAÇÃO bom




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