São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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Jornalista revela a resistência à ditadura das revistas eróticas

Autor reuniu 5.000 títulos para estudo sobre publicações pornográficas lançadas na época

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Bunda, só de lado. Seio, somente um. E sem mamilo. Pelos pubianos, nem pensar. O trabalho dos editores de revistas pornográficas durante o regime militar (1964-1985) incluía adaptar-se a decretos oficiais e a orientações informais de censores.
Em "Maria Erótica e o Clamor do Sexo", do jornalista Gonçalo Junior, essas décadas são contadas do ponto de vista dos quase anônimos, partindo de pequenas editoras como a Edrel (1966-75) e a Grafipar (1972-1984).
A pesquisa começou em 1993 como projeto de conclusão de curso na Universidade Federal da Bahia. Aos poucos, o autor reuniu um acervo de 5.000 títulos. "É um esforço de resgatar os que lutaram contra a ditadura e ficaram à margem", diz Gonçalo à Folha. "Há o preconceito de que são revistas que não prestam, por ser "de mulher pelada"."
Mas a visão dele é outra. "Esse é um livro sobre política. Sexo era visto como coisa de comunista, subversivo."
Entre os títulos estudados, estão gibis como "O Incrível (e Bem-Dotado) Hukão", sobre o homem com o maior pênis do mundo, e o "Super-Gay", sátira homossexual. Mas o destaque é "Maria Erótica", de Cláudio Seto (1944-2008). Ingênua e sensual, a Maria Erótica do título "era a mulher que surgia na época: desinformada e perdida em um furacão sexual".


MARIA ERÓTICA E O CLAMOR DO SEXO

AUTOR Gonçalo Junior
EDITORA Peixe Grande
QUANTO R$ 69,90 (496 págs.)




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