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Jornalista revela a resistência à ditadura das revistas eróticas
Autor reuniu 5.000 títulos para estudo sobre publicações pornográficas lançadas na época
DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO
Bunda, só de lado. Seio,
somente um. E sem mamilo.
Pelos pubianos, nem pensar.
O trabalho dos editores de
revistas pornográficas durante o regime militar (1964-1985) incluía adaptar-se a decretos oficiais e a orientações
informais de censores.
Em "Maria Erótica e o Clamor do Sexo", do jornalista
Gonçalo Junior, essas décadas são contadas do ponto de
vista dos quase anônimos,
partindo de pequenas editoras como a Edrel (1966-75) e a
Grafipar (1972-1984).
A pesquisa começou em
1993 como projeto de conclusão de curso na Universidade
Federal da Bahia. Aos poucos, o autor reuniu um acervo de 5.000 títulos.
"É um esforço de resgatar
os que lutaram contra a ditadura e ficaram à margem",
diz Gonçalo à Folha. "Há o
preconceito de que são revistas que não prestam, por ser
"de mulher pelada"."
Mas a visão dele é outra.
"Esse é um livro sobre política. Sexo era visto como coisa
de comunista, subversivo."
Entre os títulos estudados,
estão gibis como "O Incrível
(e Bem-Dotado) Hukão", sobre o homem com o maior pênis do mundo, e o "Super-Gay", sátira homossexual.
Mas o destaque é "Maria
Erótica", de Cláudio Seto
(1944-2008). Ingênua e sensual, a Maria Erótica do título
"era a mulher que surgia na
época: desinformada e perdida em um furacão sexual".
MARIA ERÓTICA E O
CLAMOR DO SEXO
AUTOR Gonçalo Junior
EDITORA Peixe Grande
QUANTO R$ 69,90 (496 págs.)
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