São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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Desde 95, Rede Globo não é mais aquela

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Começou quatro anos atrás, quando Roberto Irineu Marinho tirou o "Jornal Nacional" das mãos de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. E passou a limpar a imagem institucional da Globo, depois de décadas à sombra do regime militar, protagonizando episódios como a censura à campanha das diretas.
Com eventuais deslizes, como vitimar Marta Suplicy e outros esquerdistas ano passado, o telejornalismo da Globo segue com suas preferências políticas, mas não diferente dos demais. Passou a dar atenção cada vez menor a Brasília -e maior a um questionamento anacrônico do antigo regime, em histórias de torturas etc.
No que parece um movimento final em tal direção, passou a hostilizar ACM, velho companheiro, com ataques diretos ao projeto contra a miséria e até cortando declarações suas do "JN".
A Globo não é mais aquela, de outro lado, por conta do público declinante, em especial das telenovelas. É o fenômeno mais intrigante da TV, hoje, pondo em risco a clássica "grade" novela/telejornal/novela. Nos últimos meses, até o próprio "JN" bateu a novela das oito em audiência.
A emissora busca alternativas nas concorrentes (Ana Maria Braga etc.) e no futebol. Esta semana, mostrou um capítulo todo da novela das oito num estádio, bola rolando. Num tal quadro, o que o "JN" pode fazer pelo poder, por FHC, é omitir. Age pouco.
A liberdade para agir passou aos programas apelativos, dentro e fora da Globo. Quando precisou de ajuda esta semana, FHC deu entrevista para sair no "Fantástico", domingo. Em dia de semana, um quadro como a "Cacetada do Ratinho", no SBT, tem sido mais precioso do que tudo o que o "JN" ainda consegue fazer.


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