São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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EXPOSIÇÃO
Objetos do ex-presidente recontam história pública e privada; revólver usado no suicídio é destaque
Vargas retorna multimídia ao Catete

especial para a Folha


Passados 45 anos de sua morte, Getúlio Vargas retorna em uma grande exposição multimídia, no espaço onde governou o país por 19 anos, o Palácio do Catete.
A mostra intitulada "Eu, Getúlio" traz 1.580 peças, entre livros e objetos pessoais, de um dos principais mitos da história do Brasil. Tudo apresentado de forma interativa e inovadora pelos curadores Rico Lins (designer gráfico), Cafi (fotógrafo) e Marcello Dantas (multimídia).
Entre os destaques está a exposição do revólver do suicídio, que até então havia sido mantido a sete chaves pela família de Vargas.
O acervo mostra o Getúlio personalidade pública, mas, sobretudo, detalhes de sua vida privada, do mobiliário a objetos pessoais ou recordações da vida familiar.
Fica evidenciada a relevância dada pelo ex-presidente à imagem pessoal. "Getúlio Vargas talvez tenha sido um dos primeiros estadistas modernos no sentido de se preocupar com a mídia como instrumento de propagação política no Brasil. Acho, por exemplo, que ele nunca tomou um chimarrão se não tivesse uma câmera ligada ao lado", alerta Rico Lins, um dos organizadores, em entrevista à Folha.
Além do roteiro histórico-conceitual, há a preocupação com a contextualização diferenciada dos objetos. Embora o revólver seja o grande fetiche, os livros de sua biblioteca pessoal trazem curiosidades, como dedicatórias ilustres de, entre outros, Franklin Roosevelt, Guimarães Rosa e Gilberto Freyre, bem como insígnias e condecorações presenteadas por chefes de Estado.
O trabalho lúdico da curadoria está, sobretudo, na exposição criativa dos objetos, seja através de ferramentas multimídia, retroprojeção das páginas dos livros ou a instalação vidrowall (parede de vidro), com gravações de depoimentos de Getúlios comuns sobre Getúlio Vargas. Para chegar ao resultado, o Museu lançou há um mês o Disk-Getúlio, e colheu 140 histórias, das quais foram selecionadas as mais emblemáticas.
"Tem "high-tech" e "low-tech", tudo para dar dinamismo e fazer com que o público brinque com os objetos. É uma exposição que se propõe a democratizar um contato com a história fugindo do convencional", explica Lins, que espera que o público (re)descubra Getúlio. (SHEILA GRECCO)


O quê: exposição multimídia "Eu, Getúlio" Onde: Palácio do Catete - Museu da República (r. do Catete, 153, tel. 0/ xx/ 21/285-6350, RJ) Quanto: R$ 3,00
Quando: para o público, a partir do dia 25; das 12h às 17 h. (ter. a dom.)
Patrocínio: Ipiranga


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