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CINEMA/ESTRÉIA
Velocidade máxima
Blockbuster tem a atriz brasileira Jordana Brewster em papel central
MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Existe um detalhe sobre o elenco de "Velozes e Furiosos" que
quem assistir ao filme dificilmente perceberá. Poucos ou quase nenhum dos atores sabe dirigir, coisa que, para um projeto cheio de
dublês e de efeitos especiais (foram feitos mais de 20 mil takes
com dublês em ação e mais de 300
inserções de imagens geradas por
computadores), não chega a importar.
"Tirei minha carteira de habilitação uma semana antes do início
das filmagens", contou à Folha a
brasileira Jordana Brewster, que
tem papel central no filme e, em
uma das cenas, chega a pilotar um
carro em alta velocidade pelas
ruas de Los Angeles.
"Mesmo assim, só sei dirigir
carros com câmbio automático",
explicou, dizendo ainda que, em
sua primeira manobra dentro da
garagem de casa, conseguiu bater
na coluna. "Não vejo nada mais
distante de minha realidade do
que rachas urbanos", disse rindo.
Mas reside exatamente aí a beleza de "Velozes e Furiosos": não
apenas o jovem elenco convence
como representação de uma camada clandestina da subcultura
americana, mas os efeitos especiais e as simulações de corridas
pelas ruas de Los Angeles são absolutamente verossímeis. Tão verossímeis que "Velozes" é um das
maiores sucessos de bilheteria do
ano (US$ 150 milhões até agora),
deixando "Alta Velocidade", de
Silvester Stallone, para trás.
"Alta Velocidade" não soube
usar as técnicas de efeitos especiais da forma correta", explicou à
Folha Rob Cohen, diretor de "Velozes", que, até hoje, não havia furado o bloqueio de Hollywood,
tendo feito apenas filmes de médio alcance. "Por aqui, acredita-se que um homem com mais de 35
anos esteja velho. Bobagem. Afinal, meu grande furo veio aos 52."
Para ele, a única forma de criar
um filme especial é tentar alcançar o impossível em cada take.
"Você sabe que não vai ser bem-sucedido em todos, mas, mesmo
ficando um pouco aquém de seu
objetivo, terá feito algo original e
bacana", afirma.
A primeira atitude de Cohen para rodar "Velozes" foi contratar
um piloto de rachas e sair queimando pneus pela cidade. "Em
meu passeio inaugural, num
Honda Civic todo mexido, atingimos a velocidade de 260 km/h.
Nessa hora, percebi, com o coração disparado, que era esse o efeito que precisava provocar no público", afirma o diretor.
O truque era fugir do clichê de
fazer um filme sobre uma certa
subcultura americana, no caso,
uma facção da sociedade estimada em mais de 10 milhões de pessoas que gasta, estima-se, mais de
US$ 1 bilhão por ano em equipamentos de corrida. "Isso se chama
documentário, e eu queria um filme. Precisava de uma história."
Ele conta que quem assiste a um
racha em Los Angeles percebe a
característica multirracial do grupo, formado por asiáticos, latinos,
negros e brancos. "O que os une
são os carros e o amor pela velocidade. É a partir disso que eles desenvolvem características comuns, como as roupas que vestem, a música que escutam, os
gestos que fazem, o vocabulário
que usam. Quando saquei o aspecto tribal do negócio, encontrei
minha história."
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