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Crítica/"O Vidente"
Thriller não-linear se perde e expõe fraquezas do elenco
CRÍTICO DA FOLHA
Uma história com início,
meio e fim, contada
nesta ordem, é o que
espera quem se acostumou ao
modo tradicional de construção dos filmes americanos. De
vez em quando, alguém propõe
romper o código, com tramas
fora de ordem.
O ponto de partida de "O Vidente" parece mais com "Feitiço do Tempo" e seus hilariantes
efeitos provocados pela repetição. E se justifica por uma habilidade do personagem, não por
piruetas do diretor.
Com sua capacidade de vidente, Cris Johnson/Frank Cadillac (Nicolas Cage) enxerga
situações no futuro alguns minutos antes que elas aconteçam. Logo seu poder vai colocá-lo sob duas miras: de um grupo
de terroristas, que tenta impedi-lo de prever quando explodirá um artefato nuclear em Los
Angeles, e agentes do FBI, que
querem que ele ajude a achar a
bomba e evitar a hecatombe.
O poder da vidência abre um
jogo que estimula e diverte na
primeira (e ótima) seqüência
de ação. E cria uma possibilidade interessante para o modo de
narrar unilinear dominante.
Em vez de estabelecer nexos
restritos de causa e efeito, em
que a cada ação se segue uma e
única reação, as cenas em que
Cris/Frank antevê o futuro tornam muito mais excitante o jogo dos múltiplos possíveis.
Contudo, o roteiro, baseado
numa história de Philip K. Dick
(autor que quase nunca tem
sorte em adaptações para o cinema), só explora essa ampliação do regime temporal na primeira parte. Depois que incorpora a fórmula do filme de perseguição, a narrativa lineariza o
tempo, submetendo-o à velha
lógica de causa e efeito e nada
mais resta ao espectador que se
submeter à previsibilidade.
A partir daí, todas as possibilidades do filme são jogadas na
lixeira e o que passa a chamar a
atenção é a estranha peruca de
Nicolas Cage e a absoluta falta
de presença de uma apática Juliane Moore em cena.
(CÁSSIO STARLING CARLOS)
O VIDENTE
Direção: Lee Tamahori
Produção: Estados Unidos, 2007
Com: Nicolas Cage, Julianne Moore
Onde: em cartaz no Bristol, Unibanco
Arteplex e circuito
Avaliação: ruim
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