São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Crítica/"O Vidente"

Thriller não-linear se perde e expõe fraquezas do elenco

CRÍTICO DA FOLHA

Uma história com início, meio e fim, contada nesta ordem, é o que espera quem se acostumou ao modo tradicional de construção dos filmes americanos. De vez em quando, alguém propõe romper o código, com tramas fora de ordem.
O ponto de partida de "O Vidente" parece mais com "Feitiço do Tempo" e seus hilariantes efeitos provocados pela repetição. E se justifica por uma habilidade do personagem, não por piruetas do diretor.
Com sua capacidade de vidente, Cris Johnson/Frank Cadillac (Nicolas Cage) enxerga situações no futuro alguns minutos antes que elas aconteçam. Logo seu poder vai colocá-lo sob duas miras: de um grupo de terroristas, que tenta impedi-lo de prever quando explodirá um artefato nuclear em Los Angeles, e agentes do FBI, que querem que ele ajude a achar a bomba e evitar a hecatombe.
O poder da vidência abre um jogo que estimula e diverte na primeira (e ótima) seqüência de ação. E cria uma possibilidade interessante para o modo de narrar unilinear dominante. Em vez de estabelecer nexos restritos de causa e efeito, em que a cada ação se segue uma e única reação, as cenas em que Cris/Frank antevê o futuro tornam muito mais excitante o jogo dos múltiplos possíveis.
Contudo, o roteiro, baseado numa história de Philip K. Dick (autor que quase nunca tem sorte em adaptações para o cinema), só explora essa ampliação do regime temporal na primeira parte. Depois que incorpora a fórmula do filme de perseguição, a narrativa lineariza o tempo, submetendo-o à velha lógica de causa e efeito e nada mais resta ao espectador que se submeter à previsibilidade.
A partir daí, todas as possibilidades do filme são jogadas na lixeira e o que passa a chamar a atenção é a estranha peruca de Nicolas Cage e a absoluta falta de presença de uma apática Juliane Moore em cena. (CÁSSIO STARLING CARLOS)


O VIDENTE
Direção: Lee Tamahori
Produção: Estados Unidos, 2007
Com: Nicolas Cage, Julianne Moore
Onde: em cartaz no Bristol, Unibanco Arteplex e circuito
Avaliação: ruim



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