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King Cole abre Coleção Folha Clássicos do Jazz
Pianista e cantor é tema do primeiro livro-CD, que chega neste domingo às bancas
Exemplo para pianistas como Art Tatum e Oscar Peterson, Cole ficou mais conhecido por sua voz, em canções como "Nature Boy"
DA REPORTAGEM LOCAL
Nat King Cole teve duas facetas igualmente importantes, e
ambas estão, de uma certa forma, representadas no primeiro
volume da Coleção Folha Clássicos do Jazz, que chega às bandas neste domingo.
Filho de um ex-açougueiro
do Alabama, que se mudou para
Chicago, onde virou pastor de
igreja batista, Nathaniel Adams
Coles (1919-1965) começou como um talentoso pianista de
jazz, sucessor do estilo de Earl
Hines, formando, em 1938, no
Century Club, em Los Angeles,
um grupo que faria história: o
King Cole Trio (o apelido King
foi dado ao artista por Bob Lewis, dono do estabelecimento).
Piano, guitarra, contrabaixo:
o trio não tinha bateria. E, de
quebra, era uma alternativa
mais camerística (e econômica) à sonoridade grandiosa das
"big bands". Foi com essa formação que Cole se tornou o ícone de pianistas de jazz como
Art Tatum e Oscar Peterson,
influenciados por seu estilo de
toque ligeiro, e apoio harmônico e melódico constante aos solos dos parceiros.
Foi também em um nightclub de Los Angeles que, meio
por acaso, Cole desenvolveu o
segundo e mais conhecido aspecto de sua trajetória profissional. Ao que parece, foi por
repetida insistência de um
cliente regular, que dava boas
gorjetas, que ele começou a
cantar. O fraseado especial de
Cole, "acariciando" as palavras,
agradou. "Nature Boy", "Unforgettable", "Mona Lisa": os sucessos românticos se sucederam. E o trio acabou dissolvido,
em 1955.
O carisma o levou ao cinema,
com filmes como o western
"Dívida de Sangue" ("Cat Ballou", de Elliot Silverstein,
1965, com Jane Fonda) e "St.
Louis Blues" (1958, de Allen
Reisner, em que interpreta o
compositor W. C. Handy).
E gravou até, nos estúdios da
Odeon, no Rio de Janeiro, um
pitoresco LP chamado "A Meus
Amigos", em cuja capa aparece
envergando um chapelão diante de pôsteres do "Brazil", e no
qual canta, em um português
cheio de sotaque e acompanhado por Sylvia Teles e o Trio Irakitan, "Ninguém me Ama" (Antônio Maria), "Caboclo do Rio"
(Babi de Oliveira) e outras.
Sem orgulho
"Minha voz não é algo do que
eu possa me orgulhar", declarou, modestamente, em entrevista ao "The Saturday Evening
Post", em 1954. "Ela atinge, talvez, duas oitavas de extensão.
Acho que é da rouquidão, do
ruído da respiração, que alguns
gostam".
O fato é que, graças aos discos
e ao cinema, até morrer prematuramente, aos 45 anos, de câncer no pulmão (era um fumante
compulsivo), a popularidade de
Cole só fez crescer. E as vertentes de jazzista, de pianista e
de cantor estão presentes no
volume que chega às bancas
no domingo, "Nat King Cole at
the Sands".
Gravado ao vivo, no Sands
Hotel, em 1960, o álbum traz o
artista à frente de uma big
band. Enquanto a inflexão romântica fica clara em "I Wish
You Love" e "You Leave me
Breathless", acentos mais jazzísticos se revelam no vocal de
"Joe Turner Blues". E seu talento ao piano também se faz
notar, em "Where or When" e
"In a Mellow Tone".
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