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Crítica/série
"House" luta para não virar "one-man-show"
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
A quinta temporada de
"House" acaba de estrear nos Estados Unidos -e chega ao Brasil, pelo
Universal Channel, até o fim do
ano-, apontando para uma necessária virada dramatúrgica.
O show começou bem em
2004 com uma original abordagem do mundo médico, por
meio da controversa e bem-humorada figura do dr. House
-uma espécie de Jack Bauer
("24 Horas") do mundo hospitalar, que quebra todos os protocolos da área, exaspera o senso comum, mas sempre traz a
solução correta ao final.
Os pacientes chegam às suas
mãos prestes a morrer de doenças misteriosas que ele e seu time têm de resolver por meio de
decisões rápidas e de alto risco.
Quando todos apontam para
um diagnóstico que parece ser
o certo, mas que não se traduz
na cura, House tem uma sacada
inusitada e salva os coitados.
Essa fórmula funcionou bem
nas primeiras temporadas. Não
só por conta do fantástico humorista que é o britânico Hugh
Laurie, ex-parceiro do célebre
Stephen Fry, mas porque sua
equipe funcionava bem nos
momentos de tensão em que se
discutiam os quebra-cabeças.
Era, porém, previsível que o
formato logo cansaria. E, na
temporada anterior, uma nova
aposta foi feita. Copiando um
pouco o modelo de "Six Feet
Under" (Alan Ball), os episódios continuaram a exibir, no
começo, um caso desesperador
que logo iria parar num dos leitos do Princeton Plainsboro
Hospital, em Nova Jersey. Só
que o enigma clínico passou a
causar um impacto mais significativo nos relacionamentos
entre os personagens.
A série, então, passou a evoluir como uma novela, trazendo mais continuidade entre capítulos e com os dramas individuais ganhando consistência.
O ápice deu-se no final da
quarta temporada, quando
House não consegue salvar da
morte a namorada do melhor
amigo, o oncologista Wilson
(Robert Sean Leonard).
Quando a atual temporada
começa, House está fazendo de
tudo e até contrata um investigador particular, para reconquistar a amizade perdida. Porém, apesar de estar sofrendo, o
genial médico não fica mais
"humano". Segue tratando mal
os enfermos e não se importando com a ética que deveria reger a relação médico-paciente.
O sumiço de Wilson -que
funcionava como o Watson de
Sherlock Holmes- fará com
que os roteiristas sejam obrigados a dar mais vigor aos personagens que sobraram em torno
do misantropo House -e que a
essa altura já não são muitos.
De outro modo, a série corre
o risco de reduzir-se a um "one-man-show". Laurie é um grande ator e humorista, mas precisa de boas tramas e interlocutores combativos para que "House" siga sendo o excelente espetáculo que conseguiu transportar o suspense hitchcockiano
para a mesa de cirurgias.
Avaliação: bom
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