São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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Crítica/série

"House" luta para não virar "one-man-show"

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

A quinta temporada de "House" acaba de estrear nos Estados Unidos -e chega ao Brasil, pelo Universal Channel, até o fim do ano-, apontando para uma necessária virada dramatúrgica.
O show começou bem em 2004 com uma original abordagem do mundo médico, por meio da controversa e bem-humorada figura do dr. House -uma espécie de Jack Bauer ("24 Horas") do mundo hospitalar, que quebra todos os protocolos da área, exaspera o senso comum, mas sempre traz a solução correta ao final.
Os pacientes chegam às suas mãos prestes a morrer de doenças misteriosas que ele e seu time têm de resolver por meio de decisões rápidas e de alto risco.
Quando todos apontam para um diagnóstico que parece ser o certo, mas que não se traduz na cura, House tem uma sacada inusitada e salva os coitados.
Essa fórmula funcionou bem nas primeiras temporadas. Não só por conta do fantástico humorista que é o britânico Hugh Laurie, ex-parceiro do célebre Stephen Fry, mas porque sua equipe funcionava bem nos momentos de tensão em que se discutiam os quebra-cabeças.
Era, porém, previsível que o formato logo cansaria. E, na temporada anterior, uma nova aposta foi feita. Copiando um pouco o modelo de "Six Feet Under" (Alan Ball), os episódios continuaram a exibir, no começo, um caso desesperador que logo iria parar num dos leitos do Princeton Plainsboro Hospital, em Nova Jersey. Só que o enigma clínico passou a causar um impacto mais significativo nos relacionamentos entre os personagens.
A série, então, passou a evoluir como uma novela, trazendo mais continuidade entre capítulos e com os dramas individuais ganhando consistência.
O ápice deu-se no final da quarta temporada, quando House não consegue salvar da morte a namorada do melhor amigo, o oncologista Wilson (Robert Sean Leonard).
Quando a atual temporada começa, House está fazendo de tudo e até contrata um investigador particular, para reconquistar a amizade perdida. Porém, apesar de estar sofrendo, o genial médico não fica mais "humano". Segue tratando mal os enfermos e não se importando com a ética que deveria reger a relação médico-paciente. O sumiço de Wilson -que funcionava como o Watson de Sherlock Holmes- fará com que os roteiristas sejam obrigados a dar mais vigor aos personagens que sobraram em torno do misantropo House -e que a essa altura já não são muitos.
De outro modo, a série corre o risco de reduzir-se a um "one-man-show". Laurie é um grande ator e humorista, mas precisa de boas tramas e interlocutores combativos para que "House" siga sendo o excelente espetáculo que conseguiu transportar o suspense hitchcockiano para a mesa de cirurgias.


Avaliação: bom



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