São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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PING-PONG

Glória Perez

A autora de "O Clone", Glória Perez, foi uma das estrelas da propaganda eleitoral de José Serra na TV. Com outros movimentos populares, ela defendeu mudanças no Código Penal para tornar as penas aos assassinos mais efetivas. Guilherme de Pádua, assassino de sua filha, Daniela Perez, foi condenado a 19 anos de prisão, e cumpriu seis. Hoje, faz teatro em Minas Gerais.

Folha - O que você vai fazer agora?
Glória Perez -
Nós vamos continuar tentando ganhar vários setores para essa causa. As pessoas não têm noção de como a legislação é injusta para quem é atingido por um assassinato. Depois, procuraremos o Congresso. As propostas de mudança na lei já existem, mas não são votadas.

Folha - Em resumo, qual é a sua proposta?
Glória -
O nosso movimento não pede pena de morte, nem aumento de pena. Pedimos apenas uma lei que seja cumprida. Por exemplo, uma pessoa que matou alguém, depois de cinco anos de esgotada a pena, volta a ser primária de novo. Limpa o nome. É um absurdo: você apaga a existência civil da pessoa que foi morta. Afinal, se o assassino tem o nome limpo, é porque não matou ninguém. É muito cruel.

Folha - Há outro ponto?
Glória -
Sim. O excesso de recursos pode adiar um julgamento por 20 anos. Depende só da habilidade do advogado. É claro que você tem que ter os recursos necessários para o esclarecimento da verdade. Mas não precisa levar um processo adiante indefinidamente. A pena máxima é outro exemplo. Ela é de 30 anos mas, na verdade, quando a pessoa é condenada a 20 anos, tem direito a outro julgamento. E aí são mais dez anos. Tem que acabar com isso. A Justiça tardia é injusta.


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