São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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TV e cinema unem Brasil e Alemanha

Acordo que será tratado na Mostra aguarda sanção presidencial, mas já prevê parceria em filme infantil

ANA LAURA NAHAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um filme-família baseado no livro infantil "Eu e Meu Guarda-Chuva", do titã Branco Mello e do parlapatão Hugo Possolo, inaugura um acordo de co-produção de filmes e séries de TV entre o Brasil e a Alemanha.
O longa-metragem, com direção de Toni Vanzolini (diretor de arte de "Eu Tu Eles" e "O Homem do Ano"), roteiro de Adriana Falcão e elenco ainda indefinido, começa a ser rodado em julho e deve chegar aos cinemas um ano depois.
Segundo Leonardo Monteiro de Barros, da Conspiração Filmes, serão sete semanas de gravações no Brasil e uma na Alemanha, com vilão germânico e herói brasileiro. Entre os recursos, 20% serão captados por lá (pela produtora 2 Pilot) e 80% divididos aqui (entre a Conspiração e a Fox do Brasil).
O acordo, firmado em janeiro em Berlim e aprovado pelo Senado brasileiro no último dia 18, aguarda sanção do presidente Lula. Sancionado, permitirá a parceria comercial entre os dois países. "Os filmes e as séries poderão utilizar as leis de incentivo no Brasil e os fundos de financiamento na Alemanha", explica o diretor da Ancine (Agência Nacional de Cinema), Mario Diamante.
Uma convenção semelhante, de 1974, viabilizou a produção dos longas "O Céu de Suely" (2006), de Karim Aïnouz, "A Matadeira" (1994), de Jorge Furtado, e "Erotic" (1994), de Ana Maria Magalhães. Mas não previa, ao contrário da atual, o financiamento de programas de TV e a distribuição de filmes no exterior -"Cinema, Aspirinas e Urubus" deve ser o primeiro título nacional a ser levado aos cinemas alemães.
"O acordo é um grande avanço", disse à Folha o diretor da TV alemã ZDF Meinolf Zurhorst, que está em São Paulo para dois debates na Mostra. Hoje, às 18h, ele participa do encontro "Co-Produção Cinema e TV e o Papel da TV Pública"; amanhã, às 16h, integra a mesa "Co-Produção Alemanha/Brasil - O Novo Acordo", no shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, Consolação).
Zurhorst dirige o departamento de cinema da ZDF, uma das duas emissoras públicas da Alemanha, e administra o canal Arte, mantido por seu país em parceria com a França desde 1993. Para ele, a criação da TV pública brasileira, que o governo federal pretende lançar em dezembro, é uma iniciativa relevante. "A TV pública é uma parte importante da vida cultural e política do país", defende Zurhorst .
Ainda não se sabe qual papel efetivo terá a Empresa Brasil de Comunicação na produção de cinema, mas as expectativas são grandes. "Como no mundo inteiro as televisões públicas co-produzem filmes, é forte a tendência de isso se repetir no Brasil", acredita Diamante.
Zurhorst concorda. "A TV pública não depende de publicidade, então ela pode apresentar à platéia diferentes pontos de vista ou de estética", afirma.


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