São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Crítica

Leone alia revolução e conto de fadas

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É possível pensar que todos os faroestes de Sergio Leone fossem nada mais que uma preparação para "Quando Explode a Vingança" (TC Cult, 22h), o mais desvairado de todos os seus filmes.
Mas é possível pensar, mais ainda, que os ventos de 68 tenham soprado na preparação deste filme que promove, no México revolucionário, encontro entre o bandoleiro Miranda (Rod Steiger) e Sean Mallory (James Coburn), revolucionário e emérito dinamitador.
Diga-se que a entrada de Coburn, quando abre sua capa de Antonio das Mortes, como um exibicionista, e mostra o arsenal ali contido, é antológica. Passemos, pois a associação destina-se, em princípio, ao assalto a um banco.
Faz tempo que não vejo o filme, mas não o bastante para esquecer que um de seus títulos originais foi "Era uma Vez... a Revolução". Profético, em parte, porque associa a idéia de revolução a um conto de fadas, cuja existência só pode acontecer, no entanto, na imaginação.
De certa forma, estamos como que numa seqüência de "Vera Cruz", o faroeste de Robert Aldrich, em que, na mesma revolução, se encontravam Gary Cooper e Burt Lancaster. Aldrich inaugurou o faroeste de violência extrema. Leone parece disposto a dinamitar o que encontra pela frente. Algumas cenas são espetaculares, outras de rolar de rir. O conjunto é a rever: será que se agüenta ou que o tempo também o esfacelou?


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