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MÚSICA/LANÇAMENTOS
"COMMUNICATION"
Karl Bartos aborda tecnologias em álbum de electro/tecnopop
Ex-Kraftwerk conduz viagem temporal pela era eletrônica
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Desde os anos 70 o grupo alemão Kraftwerk disputa com os
ingleses do Beatles o título de banda mais influente da música pop.
Os primeiros, na eletrônica; o
grupo de John Lennon, no rock.
Se tal comparação é válida, pode-se dizer que o músico Karl
Bartos é uma espécie de George
Harrison do Kraftwerk, ou seja,
uma peça-chave no sucesso do
grupo, co-autor de alguns de seus
maiores hits e sempre ofuscado
pelos homens de frente.
Bartos entrou no grupo em 1975
e, irritado com os hiatos cada vez
maiores entre um disco e outro,
largou a toalha e partiu para uma
carreira solo no começo dos anos
90. Ele lança agora "Communication", álbum de electro/tecnopop
em que prevalece a temática da
fascinação pela tecnologia.
"Os meios de comunicação eletrônica mudam ou, no mínimo,
alteram o conteúdo de toda a nossa cultura. São eles que redefinem
nossa realidade", diz Bartos.
Nesse espírito, ele se empolga
com uma das tecnologias mais
populares do planeta, a televisão.
"É a nossa principal mídia porque
a sociedade mudou de uma cultura centrada na palavra para uma
cultura centrada na imagem."
Músicas como "The Camera",
"Cyberspace" ou "Electronic
Apeman" deixam claro que Bartos não mudou muito desde os
idos dos anos 70. A sonoridade repleta de vocoders -a manjada
voz de "robô"-, teclados e sintetizadores e as letras que celebram
as máquinas são as mesmas dos
tempos do Kraftwerk.
Na atual onda retrô da eletrônica, o álbum de Bartos soa, por isso
mesmo, contemporâneo. "Ainda
bem, não queria soar como vindo
do tempo das cavernas. Hoje existe esse tal de electroclash e, para
mim, é engraçado porque eu não
mudei a minha música desde os
anos 70", diz. "Todos consideram
esse estilo moderno, mas é apenas
o ambiente que mudou."
Passado
"Communication" sai quase ao
mesmo tempo que "Tour de
France Soundtracks", disco que o
Kraftwerk lançou após uma pausa de 17 anos. "Escrevi "Tour de
France" há 20 anos, e depois eles
fizeram as letras. Para mim, é como ver uma retrospectiva em um
museu. Ver os dois discos ao mesmo tempo é como ter um álbum
duplo lançado."
Quando questionado se ele e os
ex-companheiros ainda são amigos, Bartos é enfático: "Não".
"Quando você é divorciado, você
nunca conversa com sua ex-mulher, a não ser que seja sobre seus
filhos. Há um ponto em que não
há mais retorno ou conversas."
Ele usa exemplos de tecnologia
-claro- para explicar sua saída
do grupo. "Sabe aquelas empresas de internet que, quando começaram a falir, pagavam seus
funcionários com participações
nos lucros? Sentia-me assim, e
não podia me dar esse luxo."
"No Kraftwerk, era como se eu
estivesse em um grande carro que
não conseguia dirigir. Hoje, tenho
um carrinho modesto, mas posso
ir para qualquer lugar que eu quiser", conclui.
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