|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BAILE
Glória renova o passado
CARLOS RENNÓ
ESPECIAL PARA A FOLHA
Um grupo ótimo, dando um
show-baile irresistível, num
lugar incrível. Eis o que acontece
há mais de um ano, toda última
sexta-feira do mês, num prédio da
Lapa de São Paulo que mais parece da Lapa do Rio. Tocando música brasileira dançante, a Banda
Glória desfila um repertório com
o melhor da tradição, atraindo
mais de mil pessoas e reunindo
velhos e novos, de tias a gatinhas.
O local, o União Fraterna, existe
há 70 anos e é tombado pelo patrimônio histórico. Seu salão serve
para bailes para a terceira idade
de uma antiga sociedade ítalo-brasileira. Não à toa, encantou a
carioca Orquestra Imperial, que
tocou lá em setembro.
Metade do material da Banda
Glória remonta às décadas de 30,
40 e 50 do século passado. Coisas
como "Touradas em Madri", de
Braguinha, "O Xote das Meninas", de Luiz Gonzaga, e "Chiclete
com Banana", de Jackson do Pandeiro. O violonista Fred Mazzucchelli, líder do grupo, resgata assim tudo que tocava no final dos
60 com as irmãs Ana, Cristina e
Maria do Carmo Buarque.
Depois disso, Fred, hoje com 56
anos, dedicou-se à política e à economia. Em 96, voltou à música,
"para ser mais feliz". Foi quando
fundou a Glória.
A banda junta 16 músicos, entre
eles alguns de destaque na cena
paulistana, como o percussionista
Guilherme Kastrup (Arnaldo Antunes, Zé Miguel Wisnik), a flautista e sexyfonista Simone Julian
(Chico César). Os arranjos elaborados constituem um dos segredos da Glória, que não faz jam. O
que limita a brincadeira entre os
músicos garante a diversão do público.
Em clima crescente de Carnaval, sambas e marchas predominam. Mas há espaço para o funk
de James Brown e de Stevie Wonder, além de canções de integrantes da banda. Chico Buarque, que
ele chama de "Deus", é o mais reverenciado. E por influência da filha, Joana Mazzucchelli, diretora
do belo acústico de Zeca Pagodinho na MTV, o sambista de Xerém foi incluído no repertório.
O que podia ser apenas um
grande "baile da saudade" virou
também um programa jovem
graças a Caru Zilber, produtora
de Chico César, um dos que aparecem por lá, como Vanessa da
Mata e Yamandú Costa, que já deram até canja. Hoje, quem talvez
faça isso é a quarta irmã Buarque
(na verdade, a primeira), Miúcha.
Banda Glória
Onde: União Fraterna (r. Guaicurus, 1,
Lapa, São Paulo, tel. 0/xx/11/3864-2657)
Quando: última sex. de cada mês, às 22h
Quanto: R$ 15
Carlos Rennó é compositor, jornalista
e produtor
Texto Anterior: Música eletrônica: SP assiste ao "fim de semana Murphy" Próximo Texto: Dança: Grupos embaralham passos contemporâneos Índice
|