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São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

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DANÇA

3º Circuito Brasil Telecom de Dança reúne 13 companhias de sete Estados brasileiros no Sesc Vila Mariana de hoje a 7/12

Grupos embaralham passos contemporâneos

KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Leveza, exatidão, visibilidade, rapidez, multiplicidade, consistência. São os princípios que a literatura do futuro deveria apresentar, segundo a obra "Seis Propostas para o Próximo Milênio", de Italo Calvino (1923-85). Mas é claro que não só no mundo das letras reinam esses incondicionais valores, pelos quais a dança contemporânea também luta bravamente, com pernas e braços.
Começa hoje, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, o 3º Circuito Brasil Telecom de Dança, que traz à cidade o trabalho de companhias do Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país. A miscelânea cênica reúne 13 grupos, provindos de sete Estados brasileiros e do Distrito Federal, patrocinados pela empresa de telefonia.
Por aqui vão rodopiar grupos famosos, como Quasar e Lia Rodrigues Cia. de Dança, gente com mais de 15 anos de estrada, como a Cia. Terpsí de Teatro e Dança e a Intrépida Trupe, alternativos como o Cena 11 e a Verve Cia. de Dança, e muitos outros (confira programação abaixo).
"Procuramos reunir as propostas de Calvino na dança que fazemos. Cabe ao espectador tentar identificá-las", diz Lia Rodrigues, 47, sobre seu espetáculo "Formas Breves", que, além do italiano, homenageia Oskar Schlemmer, da escola alemã Bauhaus.
No que depender da Intrépida Trupe, a platéia será muito bem recebida na abertura do evento, quando os integrantes do grupo descem dos ares, escorregando pelos tecidos. "Nós somos "intrépidos", e isso representa fundir circo, teatro e dança", fala Valéria Martins, 39, uma das diretoras da companhia.
O grupo Cena 11 mostra no evento o resultado de uma de suas "experiências", a obra "SKR - Procedimento 03", que faz parte do Projeto SKR, desenvolvido para investigar as possíveis dinâmicas entre o homem e a máquina.
Livremente inspiradas em "E la Nave Va", de Federico Fellini (1920-93), surgiram as cenas de "La Nave No Va", da Cia. Terpsí de Teatro e Dança. "Começamos esse trabalho dentro de um trem aéreo, depois quisemos adaptá-lo para um vagão de metrô. Agora chegou ao formato do palco italiano. Nasce a toda hora uma obra diferente, quase artesanal, que utiliza a dramaturgia ingênua do início do cinema", diz Carlota Albuquerque, 45, diretora e coreógrafa da companhia.
A Quasar traz "Empresta-me Teus Olhos", obra sobre as transformações que o homem provoca no tempo e vice-versa.
O evento, que já teve duas edições no Rio de Janeiro, segue com o mesmo objetivo. "A idéia é formar platéias e mostrar o que é produzido fora e dentro do eixo São Paulo-Rio", diz Elaine Cury, 31, assessora de projetos culturais da Brasil Telecom.

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