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DANÇA
3º Circuito Brasil Telecom de Dança reúne 13 companhias de sete Estados brasileiros no Sesc Vila Mariana de hoje a 7/12
Grupos embaralham passos contemporâneos
KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Leveza, exatidão, visibilidade,
rapidez, multiplicidade, consistência. São os princípios que a literatura do futuro deveria apresentar, segundo a obra "Seis Propostas para o Próximo Milênio",
de Italo Calvino (1923-85). Mas é
claro que não só no mundo das letras reinam esses incondicionais
valores, pelos quais a dança contemporânea também luta bravamente, com pernas e braços.
Começa hoje, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, o 3º Circuito
Brasil Telecom de Dança, que traz
à cidade o trabalho de companhias do Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país. A miscelânea cênica
reúne 13 grupos, provindos de sete Estados brasileiros e do Distrito
Federal, patrocinados pela empresa de telefonia.
Por aqui vão rodopiar grupos
famosos, como Quasar e Lia Rodrigues Cia. de Dança, gente com
mais de 15 anos de estrada, como
a Cia. Terpsí de Teatro e Dança e a
Intrépida Trupe, alternativos como o Cena 11 e a Verve Cia. de
Dança, e muitos outros (confira
programação abaixo).
"Procuramos reunir as propostas de Calvino na dança que fazemos. Cabe ao espectador tentar
identificá-las", diz Lia Rodrigues,
47, sobre seu espetáculo "Formas
Breves", que, além do italiano, homenageia Oskar Schlemmer, da
escola alemã Bauhaus.
No que depender da Intrépida
Trupe, a platéia será muito bem
recebida na abertura do evento,
quando os integrantes do grupo
descem dos ares, escorregando
pelos tecidos. "Nós somos "intrépidos", e isso representa fundir
circo, teatro e dança", fala Valéria
Martins, 39, uma das diretoras da
companhia.
O grupo Cena 11 mostra no
evento o resultado de uma de suas
"experiências", a obra "SKR
- Procedimento 03", que faz parte
do Projeto SKR, desenvolvido para investigar as possíveis dinâmicas entre o homem e a máquina.
Livremente inspiradas em "E la
Nave Va", de Federico Fellini
(1920-93), surgiram as cenas de
"La Nave No Va", da Cia. Terpsí
de Teatro e Dança. "Começamos
esse trabalho dentro de um trem
aéreo, depois quisemos adaptá-lo
para um vagão de metrô. Agora
chegou ao formato do palco italiano. Nasce a toda hora uma obra
diferente, quase artesanal, que
utiliza a dramaturgia ingênua do
início do cinema", diz Carlota Albuquerque, 45, diretora e coreógrafa da companhia.
A Quasar traz "Empresta-me
Teus Olhos", obra sobre as transformações que o homem provoca
no tempo e vice-versa.
O evento, que já teve duas edições no Rio de Janeiro, segue com
o mesmo objetivo. "A idéia é formar platéias e mostrar o que é
produzido fora e dentro do eixo
São Paulo-Rio", diz Elaine Cury,
31, assessora de projetos culturais
da Brasil Telecom.
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