São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 2005

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CRÍTICA

Sonic Youth deixa seus hits de fora

DA REPORTAGEM LOCAL

O que esperar depois da bolha inflável do Flaming Lips? O que esperar depois da invasão punk promovida por Iggy Pop e os Stooges? Difícil saber, mas certamente a superposição de camadas de guitarras e efeitos que deram o tom da apresentação do Sonic Youth não era a opção mais digerível àquela altura -por volta da 0h30 de domingo.
Não ajudou, também, a qualidade do som, que, sabe-se lá por qual razão, estava baixo. Mas, sem enrolar: faltaram os hits no show do grupo nova-iorquino.
Como a banda já havia apresentado várias de suas canções mais conhecidas no Free Jazz de 2000, optou por trazer ao evento músicas mais obscuras de sua extensa discografia. O problema é que, com aquele som baixo e sem muita definição (mal se ouvia a bateria), toda a abrasiva sutileza que poderia surgir do entrelaçamento das músicas foi por água abaixo.
Seria um paradoxo uma banda como o Sonic Youth -que sempre fugiu das convenções- se ater ao padrão pop de, num festival de grande porte, soltar os hits sem pudor. Mas eles poderiam ter sido menos herméticos...
Na madrugada de ontem, tocaram apenas dois hits -se é que dá para chamar essas canções pouco mais conhecidas de "hits": "Bull in the Heather" e "Teenage Riot". Esta última encerrou o show.
Os álbuns "Sister", "Daydream Nation", "Washing Machine", "Goo" e "Dirty" tiveram uma ou outra canção incluída no set list; mas eles queriam mostrar "Sonic Nurse", e o último disco esteve presente cinco vezes.
O show do Sonic Youth teve seus momentos. A baixista Kim Gordon, aos 52 anos, continua com voz cortante de apelo sexual agudo, como em "I Love You Golden Blue" e "Pacific Coast Highway"; Thurston Moore ainda hipnotiza ao encarar a guitarra como uma extensão de seus movimentos; e Lee Ranaldo, na outra guitarra, completa a sinfonia de ruídos e microfonia.
Mas ficou a sensação de que algo faltou.
(THIAGO NEY)

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