São Paulo, sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

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Editoras fecham acordo com produtores

RACHEL DONADIO
DO "NEW YORK TIMES"

Já está em pleno vapor a temporada dos filmes com chances de Oscar, e os cinemas norte-americanos estão repletos de adaptações literárias, incluindo a versão sangrenta criada pelos irmãos Coen de "Onde os Velhos Não Têm Vez", de Cormac McCarthy, e a adaptação dirigida por Mike Newell de "O Amor nos Tempos do Cólera", de Gabriel García Márquez. Ainda nesta temporada estréiam versões para a tela grande de "Reparação", de Ian McEwan, "A Bússola de Ouro", de Philip Pullman, e "Persépolis", de Marjane Satrapi.
Os autores literários têm partido para o oeste em busca de fama e fortuna pelo menos desde os tempos de Hemingway e Fitzgerald. Hoje, porém, algumas editoras estão investindo diretamente no cinema. Em outubro a Harper Collins, divisão da News Corporation, anunciou uma parceria com a Sharp Independent para desenvolver filmes baseados em seus livros. Enquanto isso, a Random House se aliou à Focus Features para co-produzir dois ou três filmes por ano baseados em obras de ficção e de não-ficção de sua dúzia de selos. O primeiro fruto dessa colaboração foi "Reservation Road", dirigido por Terry George e baseado no romance de 1998 "A Estrada da Reserva", de John Burnham Schwartz.
Essas parcerias proporcionam às editoras uma parcela maior nos lucros do que obteriam com os acordos tradicionais de direitos para o cinema, que geralmente lhes garantem pouco mais que publicidade para edições dos livros lançadas concomitantemente com os filmes. Agora a Random House e a Harper Collins terão direito também a uma porcentagem da bilheteria dos filmes e da receita deles em DVD, TV a cabo e outras mídias. E os autores envolvidos terão mais influência na escolha de roteiristas, atores e diretores.
Alguns envolvidos nessa área temem que a relação cada vez mais cúmplice entre Hollywood e algumas editoras esteja modificando as expectativas de sucesso literário e até mesmo a maneira como os escritores abordam seu trabalho. Hoje em dia "a maioria dos escritores não sente que seu livro tem valor a não ser que seja transposto para o cinema", disse Annie Proulx em julho num festival literário na Itália, quando comentava a experiência de ter seu conto "O Segredo de Brokeback Mountain" adaptado para o cinema. "Acho que as pessoas escrevem seus livros já pensando na transposição para o cinema", disse ela, qualificando isso como algo "desanimador".


Tradução de CLARA ALLAIN


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