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Editoras fecham acordo com produtores
RACHEL DONADIO
DO "NEW YORK TIMES"
Já está em pleno vapor a
temporada dos filmes com
chances de Oscar, e os cinemas norte-americanos estão
repletos de adaptações literárias, incluindo a versão
sangrenta criada pelos irmãos Coen de "Onde os Velhos Não Têm Vez", de Cormac McCarthy, e a adaptação dirigida por Mike Newell
de "O Amor nos Tempos do
Cólera", de Gabriel García
Márquez. Ainda nesta temporada estréiam versões para a tela grande de "Reparação", de Ian McEwan, "A
Bússola de Ouro", de Philip
Pullman, e "Persépolis", de
Marjane Satrapi.
Os autores literários têm
partido para o oeste em busca de fama e fortuna pelo menos desde os tempos de Hemingway e Fitzgerald. Hoje,
porém, algumas editoras estão investindo diretamente
no cinema. Em outubro a
Harper Collins, divisão da
News Corporation, anunciou uma parceria com a
Sharp Independent para desenvolver filmes baseados
em seus livros. Enquanto isso, a Random House se aliou
à Focus Features para co-produzir dois ou três filmes
por ano baseados em obras
de ficção e de não-ficção de
sua dúzia de selos. O primeiro fruto dessa colaboração
foi "Reservation Road", dirigido por Terry George e baseado no romance de 1998 "A
Estrada da Reserva", de John
Burnham Schwartz.
Essas parcerias proporcionam às editoras uma parcela
maior nos lucros do que obteriam com os acordos tradicionais de direitos para o cinema, que geralmente lhes
garantem pouco mais que
publicidade para edições dos
livros lançadas concomitantemente com os filmes. Agora a Random House e a Harper Collins terão direito
também a uma porcentagem
da bilheteria dos filmes e da
receita deles em DVD, TV a
cabo e outras mídias. E os autores envolvidos terão mais
influência na escolha de roteiristas, atores e diretores.
Alguns envolvidos nessa
área temem que a relação cada vez mais cúmplice entre
Hollywood e algumas editoras esteja modificando as expectativas de sucesso literário e até mesmo a maneira
como os escritores abordam
seu trabalho. Hoje em dia "a
maioria dos escritores não
sente que seu livro tem valor
a não ser que seja transposto
para o cinema", disse Annie
Proulx em julho num festival
literário na Itália, quando comentava a experiência de ter
seu conto "O Segredo de Brokeback Mountain" adaptado
para o cinema. "Acho que as
pessoas escrevem seus livros
já pensando na transposição
para o cinema", disse ela,
qualificando isso como algo
"desanimador".
Tradução de CLARA ALLAIN
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