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VÍDEO LANÇAMENTOS
"Gattaca' e "O Mensageiro',
que chegam às locadoras,
exibem suas projeções sobre
o destino da humanidade
O cinema vê o futuro
CECÍLIA SAYAD
da Redação
Mudam os parâmetros, mas a
discriminação entre os homens
permanece. Assim é o futuro retratado em "Gattaca - Experiência
Genética", que sai agora em vídeo.
Sexo, raça e classe social não importam mais -os pais podem
"programar" seus filhos, escolhendo cor de pele e cabelo e aptidões.
Assim que um bebê nasce, os médicos já podem saber a data e a
causa de sua morte, o que predetermina o tipo de vida que levará.
A discriminação vai se basear,
então, em dados genéticos que determinam fatores como doenças
cardíacas, miopias etc., considerados aberrações que relegam os indivíduos à condição de "inválidos", destinados a trabalhos "menores", como limpar banheiros.
O que acontece com os bebês que
não são programados, frutos de
gravidez não planejada. Como
Vincent (Ethan Hawke), que sonha em ser astronauta e até consegue frequentar o grande centro espacial Gattaca -como faxineiro.
Um dia ele descobre que há
meios de driblar o sistema e assume a identidade de Jerome, um
"válido" que sofreu um acidente e
vive em cadeira de rodas. O acordo
é o seguinte: Jerome fornece sua
identidade a Vincent em troca de
uma parte de seu salário.
Vincent carrega consigo amostras de sangue e urina de Jerome,
os documentos utilizados no futuro. Ele é a prova de que os critérios
que medem o potencial dos seres
humanos não querem dizer nada:
é tido como gênio.
Então, um dos diretores de Gattaca é assassinado e a polícia busca
pistas. Encontrando um cílio de
Vincent, não registrado -afinal,
assumindo a identidade de Jerome
ele não pode deixar vestígios de
seu próprio corpo-, a polícia assume que ele é o assassino. O curioso é que o drama de Vincent
consiste em esconder sua identidade, e não provar sua inocência.
Mesmo porque na sociedade retratada no filme não há espaço para questionamentos -um pouco
como no futuro de "Admirável
Mundo Novo" (1932), de Aldous
Huxley, que previa uma organização social fundamentada em dados biológicos, "indiscutíveis".
Apesar de ressaltar a injustiça de
sistema semelhante, o filme não
chega a aproveitar o seu potencial
crítico -que poderia inclusive
servir para o mundo de hoje, em
que não parece haver alternativa,
por exemplo, para o modelo econômico dominante.
Isso porque a vitória de Vincent
não ultrapassa o âmbito pessoal.
Ainda que simbolize uma determinada classe, o personagem dá a
suas conquistas um caráter individual, pois só prova o absurdo do
sistema que o rodeia a si mesmo e a
sua namorada (Uma Thurman).
O mundo de "Gattaca" continua
sendo para poucos. Tanto que o
sonho de Vincent não é transformá-lo, mas ir para Plutão.
²
Filme: Gattaca - Experiência Genética
Produção: EUA, 1997, 112 min
Direção: Andrew Niccol
Com: Ethan Hawke, Uma Thurman
Lançamento: Columbia (011/ 5503-9899)
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