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O futuro do pretérito em imagens
Documentário revê trajetória histórica da Cinemateca Brasileira, nascida nos anos 40, aponta impasses de sua condição atual e questiona futuro da instituição
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem sempre os jovens amaram
ídolos como Beatles e Rolling Stones. A história da paixão de um
grupo de rapazes pela obra de cineastas (e pelo cinema como filosofia) é o que se narra com a exibição, hoje, em São Paulo, de "Em
Foco - Cinemateca Brasileira".
Dirigido por Kiko Mollica e produzido pelo Canal Brasil, o documentário revê os primeiros passos da instituição, nascida Filmoteca do Museu de Arte Moderna
de São Paulo, nos anos 40, por
uma atitude de cinefilia de Paulo
Emílio Salles Gomes, Francisco
Luiz Almeida Salles, Décio de Almeida Prado, Antonio Candido e
outros estudantes da Faculdade
de Filosofia da USP.
Com documentos e imagens de
arquivo -incluindo a mais antiga disponível na Cinemateca, de
"Reminiscências" (1909), de Junqueira Aristides- e depoimentos
de personalidades ligadas à história da entidade, rememoram-se as
sucessivas perambulações por endereços da capital paulista e os incêndios que destruíram irrecuperavelmente parte de seu acervo,
hoje estimado em 30 mil títulos.
Não foram esquecidos fatos recentes de relevo, como a inauguração, em 2001, das salas climatizadas capazes de garantir, em
condições adequadas, o armazenamento de até 100 mil rolos.
Mas não se trata apenas do mote "recordar é viver" o foco que o
filme dispensa à Cinemateca. Intercalados, os discursos apontam
questionamentos e dúvidas que
cercam o futuro da instituição.
"O melhor momento da Cinemateca está para vir. Espero que
venha logo", diz seu ex-diretor
Rudá de Andrade. "Há um lado
de negação do próprio passado
nesse desprezo pelo cinema brasileiro, pela sua memória e por uma
instituição como a Cinemateca.
Ou ela fica na posição que já conquistou ou se lança a uma intervenção maior" é a ponderação de
Carlos Augusto Calil.
"O futuro da Cinemateca está
nas mãos dos jovens. Estamos de
saída", diz Sylvia Bahiense, atual
diretora da instituição, numa declaração que pode ser entendida
como uma volta ao começo -o
"desatino da rapaziada" é que
transforma utopias em realidade.
Depois da exibição de hoje, o
documentário fará parte da grade
de programação do Canal Brasil.
EM FOCO - CINEMATECA BRASILEIRA.
Exibição do documentário de Kiko
Mollica, seguida de coquetel. Onde:
Cinemateca Brasileira (largo Senador
Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, SP,
tel. 0/xx/11/5084-2177). Quando: hoje,
às 19h30. Quanto: entrada franca.
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