São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O futuro do pretérito em imagens

Documentário revê trajetória histórica da Cinemateca Brasileira, nascida nos anos 40, aponta impasses de sua condição atual e questiona futuro da instituição

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem sempre os jovens amaram ídolos como Beatles e Rolling Stones. A história da paixão de um grupo de rapazes pela obra de cineastas (e pelo cinema como filosofia) é o que se narra com a exibição, hoje, em São Paulo, de "Em Foco - Cinemateca Brasileira".
Dirigido por Kiko Mollica e produzido pelo Canal Brasil, o documentário revê os primeiros passos da instituição, nascida Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, nos anos 40, por uma atitude de cinefilia de Paulo Emílio Salles Gomes, Francisco Luiz Almeida Salles, Décio de Almeida Prado, Antonio Candido e outros estudantes da Faculdade de Filosofia da USP.
Com documentos e imagens de arquivo -incluindo a mais antiga disponível na Cinemateca, de "Reminiscências" (1909), de Junqueira Aristides- e depoimentos de personalidades ligadas à história da entidade, rememoram-se as sucessivas perambulações por endereços da capital paulista e os incêndios que destruíram irrecuperavelmente parte de seu acervo, hoje estimado em 30 mil títulos.
Não foram esquecidos fatos recentes de relevo, como a inauguração, em 2001, das salas climatizadas capazes de garantir, em condições adequadas, o armazenamento de até 100 mil rolos.
Mas não se trata apenas do mote "recordar é viver" o foco que o filme dispensa à Cinemateca. Intercalados, os discursos apontam questionamentos e dúvidas que cercam o futuro da instituição.
"O melhor momento da Cinemateca está para vir. Espero que venha logo", diz seu ex-diretor Rudá de Andrade. "Há um lado de negação do próprio passado nesse desprezo pelo cinema brasileiro, pela sua memória e por uma instituição como a Cinemateca. Ou ela fica na posição que já conquistou ou se lança a uma intervenção maior" é a ponderação de Carlos Augusto Calil.
"O futuro da Cinemateca está nas mãos dos jovens. Estamos de saída", diz Sylvia Bahiense, atual diretora da instituição, numa declaração que pode ser entendida como uma volta ao começo -o "desatino da rapaziada" é que transforma utopias em realidade.
Depois da exibição de hoje, o documentário fará parte da grade de programação do Canal Brasil.


EM FOCO - CINEMATECA BRASILEIRA. Exibição do documentário de Kiko Mollica, seguida de coquetel. Onde: Cinemateca Brasileira (largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, SP, tel. 0/xx/11/5084-2177). Quando: hoje, às 19h30. Quanto: entrada franca.


Texto Anterior: Festival: Público elege "Lavoura Arcaica" em Tiradentes
Próximo Texto: Programação da sala volta a usar filmes do acervo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.