São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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COLEÇÃO FOLHA

Royal Philharmonic Orchestra toca duas suítes

Georges Bizet e Edvard Grieg são as atrações do próximo volume

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Semana que vem, dentro da Coleção Folha, a Royal Philharmonic Orchestra toca duas obras coloridas do século 19: suítes da ópera "Carmen", do francês Georges Bizet (1838-1875), e da música incidental para a peça "Peer Gynt", do norueguês Edvard Grieg (1843-1907).
Bizet escreveu música para piano e obras orquestrais, além de óperas como "Ivan 4º", "Os Pescadores de Pérolas" e "Djamileh", entre outras. Baseada na novela homônima de Prosper Merimée, "Carmen" foi, indubitavelmente, seu maior sucesso, festejada pelo filósofo Friedrich Nietzsche, com melodias cantaroladas e assobiadas em todo o planeta.
Por amarga ironia, contudo, Bizet não chegou a viver para ver o êxito de "Carmen". À sua estréia, em 1875, a ópera recebeu fortes ataques da crítica, deixando seu autor gravemente deprimido; Bizet morreu no mesmo ano.
As duas suítes da ópera trazem, sem a participação das vozes, alguns de seus temas mais conhecidos, como a "Habanera" e a "Seguidilla", danças de inspiração hispânica que, na versão original, são cantadas pela protagonista de "Carmen", uma cigana que seduz, em Sevilha, o soldado Don José, bem como a "Canção do Toreador", tema do toureiro Escamillo.
Enquanto Bizet buscou no calor mediterrâneo da Península Ibérica a inspiração para sua obra mais famosa, Grieg, principal compositor norueguês de todos os tempos, tinha a preocupação de retratar em sua música sua terra natal.
Era o tempo da escola que ficou conhecida como nacionalista. No séc. 19, enquanto o nacionalismo surgia como idéia política, compositores de nações tradicionalmente periféricas na história da música começaram a buscar no folclore de seus países inspiração para suas criações. Aconteceu, por exemplo, com Mussorgski e o Grupo dos Cinco na Rússia, e com Smetana e Dvorák na Boêmia.
Autor de um famoso concerto para piano, da neoclássica "Suíte Holberg" e da coletânea de obras para piano solo conhecidas como "Peças Líricas", Grieg foi um nacionalista que acabou tendo influência na música brasileira -depois de fazer amizade, na Europa, com o compositor norueguês e de se casar com uma de suas alunas, Alberto Nepomuceno (1864-1920) voltou para o Brasil com a preocupação de fazer música com idioma nacional.
Foi em 1875 que Grieg criou a música incidental para "Peer Gynt", do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), autor de "Um Inimigo do Povo" e "Casa de Bonecas". Designado como "Fausto do Norte", "Peer Gynt" narra uma série de fantásticas viagens de seu protagonista, que deram a Grieg a oportunidade de escrever música de grande variedade anímica, riqueza orquestral e rara felicidade melódica.


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