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Aos 91 anos, morre escritor J.D. Salinger
Americano é autor de "O Apanhador no Campo de Centeio" (51), um dos livros mais influentes do pós-Guerra
Desde os anos 50 vivia recluso em Cornish, New Hampshire (EUA); último trabalho foi publicado
em revista, em 1965
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
Morreu anteontem J.D. Salinger, 91, um dos grandes mitos da literatura do século 20,
autor do célebre "O Apanhador
no Campo de Centeio" (1951).
Morava recluso há décadas. Vivia em Cornish, uma pequena
cidade de menos de mil habitantes em New Hampshire (Estados Unidos).
Desde 1965 não publicava
novas histórias. A morte, de
causas naturais, foi anunciada
ontem por seus agentes.
A aversão à exposição pública
fez crescer o mito de Salinger
ao longo dos anos, uma reclusão compartilhada por outros
mitos da literatura americana,
como Thomas Pynchon.
Jerome David Salinger nasceu em 1º de janeiro de 1919.
Sua vida era cercada de mistérios. Teria sido casado por alguns meses nos anos 50 com
uma alemã. Em 1955 casou-se
com Claire Douglas, que é a
mãe de seus dois filhos -Margaret e Matthew. Os dois se separaram em 1967. Mas a vida
nem sempre foi sigilosa. Nos
anos 90, uma ex-namorada,
Joyce Maynard, expôs a vida do
autor em "Abandonada no
Campo de Centeio" (Geração).
Os dois teriam tido um romance nos anos 70, quando ela tinha 18 anos e ele, mais de 50.
Em 2000, sua filha lançou
"Dream Catcher- A Memoir",
relatando detalhes da sua vida.
Uma de suas últimas manifestações públicas foi em 1974,
em entrevista ao "New York Times". Na ocasião, disse que
"publicar é uma terrível invasão da minha privacidade".
Mas o exotismo é apenas
uma faceta para um autor que
moldou a literatura do pós-Guerra. "O Apanhador no
Campo de Centeio" (Editora do
Autor) tornou-se um best-seller instantâneo desde que foi
lançado, em 1951. Virou a bíblia
dos adolescentes.
O livro retrata Holden Caulfield, um rebelde expulso da escola que encarnava a alienação,
a inocência e a fantasia. A obra
lida com a afirmação juvenil e
teve como contraponto o conformismo no pós-Guerra.
Abriu caminho para a contracultura e para o elogio dos rebeldes.
A mitologia em torno do autor cresceu quando se divulgou
que o assassino de John Lennon, Mark Chapman, carregava
"O Apanhador" no dia em que
cometeu o crime, em 1980.
Sua curta bibliografia inclui
"Franny e Zooey" (Editora do
Autor), de 1961, que reúne duas
histórias longas sobre a saga da
família Glass, núcleo que também inspirou "Carpinteiros,
Levantem Bem Alto a Cumeeira & Seymour, Uma Apresentação", de 1963 (publicado pela
L&PM, trad. Jorio Dauster).
Já "Nove Estórias", de 1953,
teria influenciado nomes como
Philip Roth e John Updike. Para muitos, essa coletânea (Ed.
do Autor) era sua maior obra.
A última história do autor a
aparecer foi "Hapworth 16,
1924", publicada em 1965 na revista "New Yorker".
O autor voltou aos noticiários em julho, quando conseguiu na Justiça a proibição da
publicação de "60 Years Later"
(60 anos depois), continuação
não autorizada de "O Apanhador". O sueco Fredrik Colting
usou um pseudônimo e retratou o personagem do livro 60
anos mais velho.
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