São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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ARTES PLÁSTICAS/CRÍTICA

Galerias quebram regra e dialogam

DA REPORTAGEM LOCAL

Se há uma marca da arte contemporânea, é que ela é segmentada, tem grupos fechados -em alguns casos até "rivais"- , pois disputam um circuito limitado de exposições e de mercado, e que, em geral, pouco dialogam.
Galerias de arte costumam reunir grupos mais ou menos homogêneos de artistas. Certas galerias costumam até conviver juntas, especialmente em feiras, mas, no geral, não é freqüente um olhar mais generoso sobre o vizinho. Viver isoladamente é a regra.
Entre as exceções, encontra-se a Fortes Vilaça. Desde que assumiram a galeria, em 2000, após a morte trágica de Marcantônio Vilaça, Márcia Fortes e Alessandra d'Aloia têm buscado não só fortalecer seu próprio espaço, mas o circuito paulistano. Organizaram mostras com artistas de outras galerias, como "Nova Geometria", em 2003, curadoria de Adriano Pedrosa, e lideram a Paralela, que, desde 2002, ocorre simultaneamente à Bienal de São Paulo.
Nesse contexto, a mostra dupla "Choque Cultural na Fortes Vilaça" e "Fortes Vilaça na Choque Cultural" pode ser vista como outro passo nessa empreitada; e a busca pela sinergia com a novata do circuito, uma operação bastante oportuna.
Afinal, a Choque, galeria que trouxe para o mercado artistas de rua, mais acostumados às paredes das cidades do que ao asséptico cubo branco, conseguiu, em menos de dois anos, tornar-se referência para colecionadores, críticos, além de agregar novo público à arte contemporânea.
Só por misturar os artistas de ambos os locais, um prestigiado e com distinta presença internacional -a Fortes-, e outro com energia nova e popularidade crescente, o evento já se torna válido.
Como era previsível, o time da Fortes saiu-se bem no espaço desafiador da Choque, especialmente Leda Catunda e Janaina Tschäpe, que ocuparam as paredes e o aquário do local, respeitando a proposta da galeria. Já o time da Choque teve sua energia reduzida, o que também é compreensível. Afinal, como conseguir aplicar o vigor da transgressão nas ruas ao controlado cubo branco? Mas o resultado é correto, especialmente a parede de Zezão e as colagens de Fefê Talavera.
No geral, a ação deixou claro que trouxe à baila desafios para artistas de ambas as galerias, misturou grupos, enfim, mexeu com o circuito. Já que as instituições da cidade não o fazem, o evento mostra que as galerias da cidade não pensam só em mercado. (FABIO CYPRIANO)


AVALIAÇÃO:     

Choque Cultural na Fortes Vilaça
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 17h; até 20/4
Onde: r. Fradique Coutinho, 1.500, SP, tel. 0/xx/11/3032-7066

Fortes Vilaça na Choque Cultural
Quando:
hoje, das 14h às 19h; seg. a sáb., das 12h às 19h; até 20/4
Onde: r. João Moura, 997, tel. 3061-4051
Quanto: entrada franca


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