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ARTES PLÁSTICAS/CRÍTICA
Galerias quebram regra e dialogam
DA REPORTAGEM LOCAL
Se há uma marca da arte contemporânea, é que ela é segmentada, tem grupos fechados
-em alguns casos até "rivais"- ,
pois disputam um circuito limitado de exposições e de mercado, e
que, em geral, pouco dialogam.
Galerias de arte costumam reunir grupos mais ou menos homogêneos de artistas. Certas galerias
costumam até conviver juntas, especialmente em feiras, mas, no
geral, não é freqüente um olhar
mais generoso sobre o vizinho.
Viver isoladamente é a regra.
Entre as exceções, encontra-se a
Fortes Vilaça. Desde que assumiram a galeria, em 2000, após a
morte trágica de Marcantônio Vilaça, Márcia Fortes e Alessandra
d'Aloia têm buscado não só fortalecer seu próprio espaço, mas o
circuito paulistano. Organizaram
mostras com artistas de outras galerias, como "Nova Geometria",
em 2003, curadoria de Adriano
Pedrosa, e lideram a Paralela, que,
desde 2002, ocorre simultaneamente à Bienal de São Paulo.
Nesse contexto, a mostra dupla
"Choque Cultural na Fortes Vilaça" e "Fortes Vilaça na Choque
Cultural" pode ser vista como outro passo nessa empreitada; e a
busca pela sinergia com a novata
do circuito, uma operação bastante oportuna.
Afinal, a Choque, galeria que
trouxe para o mercado artistas de
rua, mais acostumados às paredes
das cidades do que ao asséptico
cubo branco, conseguiu, em menos de dois anos, tornar-se referência para colecionadores, críticos, além de agregar novo público
à arte contemporânea.
Só por misturar os artistas de
ambos os locais, um prestigiado e
com distinta presença internacional -a Fortes-, e outro com
energia nova e popularidade crescente, o evento já se torna válido.
Como era previsível, o time da
Fortes saiu-se bem no espaço desafiador da Choque, especialmente Leda Catunda e Janaina Tschäpe, que ocuparam as paredes e o
aquário do local, respeitando a
proposta da galeria. Já o time da
Choque teve sua energia reduzida, o que também é compreensível. Afinal, como conseguir aplicar o vigor da transgressão nas
ruas ao controlado cubo branco?
Mas o resultado é correto, especialmente a parede de Zezão e as
colagens de Fefê Talavera.
No geral, a ação deixou claro
que trouxe à baila desafios para
artistas de ambas as galerias, misturou grupos, enfim, mexeu com
o circuito. Já que as instituições da
cidade não o fazem, o evento
mostra que as galerias da cidade
não pensam só em mercado.
(FABIO CYPRIANO)
AVALIAÇÃO:
Choque Cultural na Fortes Vilaça
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h, e
sáb., das 10h às 17h; até 20/4
Onde: r. Fradique Coutinho, 1.500, SP,
tel. 0/xx/11/3032-7066
Fortes Vilaça na Choque Cultural
Quando: hoje, das 14h às 19h; seg. a
sáb., das 12h às 19h; até 20/4
Onde: r. João Moura, 997, tel. 3061-4051
Quanto: entrada franca
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