São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Lewis diz ser "roqueira por natureza"

Indicada ao Oscar, atriz deixa de lado carreira no cinema e lança no Brasil o segundo disco de sua banda

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando tinha dois anos, seus pais se separaram. Aos 12, estava num seriado na TV. Aos 14, emancipou-se. No ano seguinte, foi presa por estar dirigindo sem ter idade para estar dirigindo. Aos 18, foi indicada ao Oscar e, com 21 anos, encarnou Mallory Knox, a sociopata sanguinária de "Assassinos por Natureza", o melhor personagem já filmado por Oliver Stone.
Os primeiros anos da vida de Juliette Lewis até que foram um pouquinho movimentados, mas, quando as coisas se assentaram, a atriz norte-americana fez o que qualquer um faria: montou uma banda de rock.
"Tenho três vozes criativas: o cinema, a música e a performance artística", diz Lewis, em entrevista por telefone à Folha. "Eu havia sido bem-sucedida fazendo filmes, e me dei conta de que, nos últimos dez anos, o relógio do tempo estava batendo mais rápido, eu tinha que fazer algo. Depois de escrever algumas letras, percebi que tinha que entrar no meio da música com uma banda. Não como uma cantora ou produtora, mas eu queria me apresentar ao vivo como uma poderosa banda de rock."
E assim surgiu, em 2004, o Juliette & The Licks, que lançou, naquele ano, o disco "Like a Bolt of Lightning" e, no final do ano passado, "Four on the Floor". Este último chega ao Brasil no início de abril.
Baseada em guitarras rápidas e bateria pesada, a música da banda de Lewis não traz novidades, mas é competente, exala energia e está bem longe das pataquadas feitas por outros atores que se meteram no pop, como Keanu Reeves, Jared Leto, Russell Crowe...
Mais do que em disco, Juliette & The Licks é banda para ser vista ao vivo. "Rock and roll é celebração, vitalidade. E gosto de trazer algo meio teatral."
Se hoje a banda está sólida, antes a Juliette roqueira era encarada com desconfiança.
"Quando começamos, fizemos a Warp Tour. Havia umas 60 bandas e apenas três tinham mulheres como integrantes. O público médio eram garotos de 12 a 20 anos. E eu não apenas tinha que lutar contra o fato de ser uma atriz e não uma cantora, como o de ser um total azarão...", lembra.
"Mas, em minha vida, sempre gostei de fazer coisas diferentes. Antes, diziam: "Ah, ela é muito inocente, não conseguirá interpretar uma psicopata". E quando interpretava uma psicopata, diziam: "Não, ela não pode fazer um papel romântico". Interpretei uma colegial num filme do Woody Allen, interpretei uma garota trash. Quando você é atriz, você tem sempre que provar alguma coisa. Estou acostumada."

Cabo e Assassinos
Após "Cabo do Medo" (91), que rendeu indicação ao Oscar, e "Assassinos por Natureza" (94), a carreira cinematográfica de Lewis estagnou-se. Ela diz não se importar em ser lembrada por esses dois papéis.
"Fico orgulhosa. Não me irrito com muitas coisas. Me irritam as pessoas mesquinhas. Sobre aqueles filmes, encaro como um elogio ter deixado uma impressão tão forte. Em arte, não importa se você é um cineasta, ator, músico: você sempre está provando algo."
E, antes de terminar a entrevista, pede: "Por favor, diga a todos para visitarem nossa página no MySpace. As datas da turnê estão todas lá, quem sabe nos próximos meses não incluímos o Brasil?". Claro, Juliette: www.myspace.com/julietteandthelicks.


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