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Lewis diz ser "roqueira por natureza"
Indicada ao Oscar, atriz deixa de lado carreira no cinema e lança no Brasil o segundo disco de sua banda
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando tinha dois anos, seus
pais se separaram. Aos 12, estava num seriado na TV. Aos 14,
emancipou-se. No ano seguinte, foi presa por estar dirigindo
sem ter idade para estar dirigindo. Aos 18, foi indicada ao
Oscar e, com 21 anos, encarnou
Mallory Knox, a sociopata sanguinária de "Assassinos por Natureza", o melhor personagem
já filmado por Oliver Stone.
Os primeiros anos da vida de
Juliette Lewis até que foram
um pouquinho movimentados,
mas, quando as coisas se assentaram, a atriz norte-americana
fez o que qualquer um faria:
montou uma banda de rock.
"Tenho três vozes criativas: o
cinema, a música e a performance artística", diz Lewis, em
entrevista por telefone à Folha.
"Eu havia sido bem-sucedida
fazendo filmes, e me dei conta
de que, nos últimos dez anos, o
relógio do tempo estava batendo mais rápido, eu tinha que fazer algo. Depois de escrever algumas letras, percebi que tinha
que entrar no meio da música
com uma banda. Não como
uma cantora ou produtora,
mas eu queria me apresentar
ao vivo como uma poderosa
banda de rock."
E assim surgiu, em 2004, o
Juliette & The Licks, que lançou, naquele ano, o disco "Like
a Bolt of Lightning" e, no final
do ano passado, "Four on the
Floor". Este último chega ao
Brasil no início de abril.
Baseada em guitarras rápidas e bateria pesada, a música
da banda de Lewis não traz novidades, mas é competente,
exala energia e está bem longe
das pataquadas feitas por outros atores que se meteram no
pop, como Keanu Reeves, Jared Leto, Russell Crowe...
Mais do que em disco, Juliette & The Licks é banda para ser
vista ao vivo. "Rock and roll é
celebração, vitalidade. E gosto
de trazer algo meio teatral."
Se hoje a banda está sólida,
antes a Juliette roqueira era
encarada com desconfiança.
"Quando começamos, fizemos a Warp Tour. Havia umas
60 bandas e apenas três tinham
mulheres como integrantes. O
público médio eram garotos de
12 a 20 anos. E eu não apenas
tinha que lutar contra o fato de
ser uma atriz e não uma cantora, como o de ser um total azarão...", lembra.
"Mas, em minha vida, sempre gostei de fazer coisas diferentes. Antes, diziam: "Ah, ela é
muito inocente, não conseguirá interpretar uma psicopata".
E quando interpretava uma
psicopata, diziam: "Não, ela não
pode fazer um papel romântico". Interpretei uma colegial
num filme do Woody Allen, interpretei uma garota trash.
Quando você é atriz, você tem
sempre que provar alguma coisa. Estou acostumada."
Cabo e Assassinos
Após "Cabo do Medo" (91),
que rendeu indicação ao Oscar,
e "Assassinos por Natureza"
(94), a carreira cinematográfica
de Lewis estagnou-se. Ela diz
não se importar em ser lembrada por esses dois papéis.
"Fico orgulhosa. Não me irrito com muitas coisas. Me irritam as pessoas mesquinhas.
Sobre aqueles filmes, encaro
como um elogio ter deixado
uma impressão tão forte. Em
arte, não importa se você é um
cineasta, ator, músico: você
sempre está provando algo."
E, antes de terminar a entrevista, pede: "Por favor, diga a
todos para visitarem nossa página no MySpace. As datas da
turnê estão todas lá, quem sabe
nos próximos meses não incluímos o Brasil?". Claro, Juliette: www.myspace.com/julietteandthelicks.
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