|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica/DVD/"Dexter"
Ambigüidade valoriza série sobre matador de matadores
Atuação ótima garantiu a Michael C. Hall, o "Dexter", indicações ao Globo de Ouro
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Vampiros, zumbis e "serial killers" são criaturas que nos metem menos medo do que se imagina.
Seres de exceção, foram cultivados pelo cinema e depois pela
TV como imagens distorcidas
que refletem com mais fidelidade as fragilidades humanas
do que as imitações perfeitas
demais.
Dexter Morgan, protagonista
do seriado cuja primeira temporada acaba de sair em DVD, é
da estirpe dos assassinos seriais. Ao contrário de Hannibal
Lecter, o mistério em "Dexter"
não se elucida simplesmente
com a exposição do lado escuro
da alma e sua intriga não se resolve na mera oposição entre o
mal e o bem.
Não por acaso a série se passa
em Miami, cidade de cores
quentes. Sob as sombras desse
lugar ensolarado, Dexter transita sua aversão que desnuda
tanta felicidade prêt-à-porter.
As ambigüidades da série começam na vida dupla do personagem central. Técnico de polícia, Dexter Morgan é também
um assassino cuja especialidade é eliminar "serial killers".
O que interessa em "Dexter"
não é a execução sumária disfarçada de justiça pelas próprias mãos. O ambiente policial
é apenas um artifício ficcional
no qual Dexter desfila seu ponto de vista em relação às fragilidades humanas.
Ao longo das histórias e das
ações, o tempo todo se sobrepõe a voz do personagem, que
comenta as obviedades dos
comportamentos alheios.
Dadas suas características
psicológicas e sua inclinação,
Dexter é um solitário, alguém
que enxerga e torna explícitas
as armadilhas dos relacionamentos que o cercam. Sua acidez dirige-se, em particular, à
família, foco das relações mentais, profissionais e criminais
nesta primeira temporada.
Fator essencial para o sucesso da série é a presença de Michael C. Hall no papel central.
Pelo excelente desempenho, o
ator já foi indicado dois anos
consecutivos ao Globo de Ouro.
Hall, conhecido como o David de "A Sete Palmos", traz a
ironia do olhar, a aparência incomum e um tom sedutor de
voz que afastam de seu Dexter
qualquer rastro de monstruosidade, ao mesmo tempo em que
o mergulha no poço sem fundo
da humanidade.
DEXTER (1ª TEMPORADA)
Distribuidora: Paramount Pictures
Quanto: R$ 59,90 em média
Avaliação: ótimo
Texto Anterior: Crítica/erudito: Banda Sinfônica se supera e chinesa brilha com a Osesp Próximo Texto: Reality show: "Brazil's Next Top Model" abre inscrições Índice
|