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BIENAL
Sociólogo italiano lança livro às 15h, com debate
De Masi se explica em "Ócio Criativo"
ALVARO MACHADO
especial para a Folha
O sociólogo italiano Domenico
de Masi, 61, encontra-se pela 15ª
vez no Brasil, para o lançamento
de seu quarto título traduzido no
país. "O Ócio Criativo" será apresentado amanhã, às 17h, na Bienal.
De Masi tem interessado bastante o público brasileiro com sua
pregação de abolição de fronteiras entre prazer e ganha-pão, ou
entre ócio e trabalho. Com extraordinário senso de marketing
para a promoção de seu ideário, o
autor atualiza conceitos sociológicos de meados deste século que
anteviram as consequências da
atual revolução da informação no
campo do trabalho. No Brasil, onde foi chamado de "o profeta do
ócio", tudo indica que seu sucesso
é maior ainda do que na Itália.
Um grupo seleto se reuniu esta
semana no bairro do Morumbi,
na residência de José Olympio Pereira, sócio da editora Sextante,
para antecipar o sabor do provável sucesso de "O Ócio Criativo".
Espécie de "be-a-bá" do credo
demasiano vazado numa longa
entrevista transcrita, o livro é publicado aqui um mês antes do que
pela editora italiana (Rizzoli), como lembrava um satisfeito De
Masi, entre os uísques e consomês
do jantar-homenagem.
Apesar de ainda incapaz de articular uma frase mais extensa em
português, De Masi compreende
bem o idioma. Na sala repleta de
obras de arte de alto nível de
Olympio Neto, o sociólogo ouvia,
em frente a uma tela com bandeirinhas, explicações de um dos
convidados sobre uma hipotética
"passagem de Alfredo Volpi da figuração à abstração". A cena era
assistida de longe pela presidente
do Museu de Arte Moderna de
São Paulo, Milú Villela.
Impulsionada por um grupo de
socialites, algumas das quais presentes ao jantar, a sucursal paulistana de seu instituto de estudos
sobre o trabalho, o S3 Studium
Brasil, "vai de vento em popa", informa o sociólogo. "Quarenta jovens vão fazer agora um estágio
em Roma, porque prefiro trabalhar aqui com pessoal brasileiro",
ressalta. Na Itália, 90 pessoas circulam em torno de sua escola de
especialização em ciências organizacionais, também chamada S3,
"que está se tornando pequenina
para tanta gente".
A cada visita, De Masi profere
concorridas palestras para executivos, nas quais a sua concepção
de um admirável mundo novíssimo costuma gerar uma espécie de
culto esotérico em torno de sua
personalidade. Uma das razões é
uma habilidade de prestidigitador para unir opostos, como críticas ao capitalismo e citações do
escritor e dândi Oscar Wilde
(1854-1900), do qual elege como
favorita uma ácida observação:
"Vivemos numa época em que as
pessoas são tão trabalhadoras que
acabam ficando estúpidas".
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