São Paulo, sábado, 29 de abril de 2000


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BIENAL
Sociólogo italiano lança livro às 15h, com debate
De Masi se explica em "Ócio Criativo"

ALVARO MACHADO
especial para a Folha

O sociólogo italiano Domenico de Masi, 61, encontra-se pela 15ª vez no Brasil, para o lançamento de seu quarto título traduzido no país. "O Ócio Criativo" será apresentado amanhã, às 17h, na Bienal.
De Masi tem interessado bastante o público brasileiro com sua pregação de abolição de fronteiras entre prazer e ganha-pão, ou entre ócio e trabalho. Com extraordinário senso de marketing para a promoção de seu ideário, o autor atualiza conceitos sociológicos de meados deste século que anteviram as consequências da atual revolução da informação no campo do trabalho. No Brasil, onde foi chamado de "o profeta do ócio", tudo indica que seu sucesso é maior ainda do que na Itália.
Um grupo seleto se reuniu esta semana no bairro do Morumbi, na residência de José Olympio Pereira, sócio da editora Sextante, para antecipar o sabor do provável sucesso de "O Ócio Criativo".
Espécie de "be-a-bá" do credo demasiano vazado numa longa entrevista transcrita, o livro é publicado aqui um mês antes do que pela editora italiana (Rizzoli), como lembrava um satisfeito De Masi, entre os uísques e consomês do jantar-homenagem.
Apesar de ainda incapaz de articular uma frase mais extensa em português, De Masi compreende bem o idioma. Na sala repleta de obras de arte de alto nível de Olympio Neto, o sociólogo ouvia, em frente a uma tela com bandeirinhas, explicações de um dos convidados sobre uma hipotética "passagem de Alfredo Volpi da figuração à abstração". A cena era assistida de longe pela presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Milú Villela.
Impulsionada por um grupo de socialites, algumas das quais presentes ao jantar, a sucursal paulistana de seu instituto de estudos sobre o trabalho, o S3 Studium Brasil, "vai de vento em popa", informa o sociólogo. "Quarenta jovens vão fazer agora um estágio em Roma, porque prefiro trabalhar aqui com pessoal brasileiro", ressalta. Na Itália, 90 pessoas circulam em torno de sua escola de especialização em ciências organizacionais, também chamada S3, "que está se tornando pequenina para tanta gente".
A cada visita, De Masi profere concorridas palestras para executivos, nas quais a sua concepção de um admirável mundo novíssimo costuma gerar uma espécie de culto esotérico em torno de sua personalidade. Uma das razões é uma habilidade de prestidigitador para unir opostos, como críticas ao capitalismo e citações do escritor e dândi Oscar Wilde (1854-1900), do qual elege como favorita uma ácida observação: "Vivemos numa época em que as pessoas são tão trabalhadoras que acabam ficando estúpidas".


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