São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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Crítica

Preston Sturges inovou comédia americana

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O horário é intragável (2h55), o título insuportável ("Contrastes Humanos"), o diretor, quase desconhecido. No entanto, quem se dispuser a passar parte de sua madrugada no Telecine Cult dificilmente vai se arrepender.
Os que não gostam especialmente de cinema ainda assim encontrarão ali uma das mais inspiradas comédias dos anos 40, com a história do bem-sucedido diretor de cinema que, disposto a falar da realidade social, disfarça-se de mendigo e tenta sair pegando carona nos trens de carga, a fim de conhecer o povo de verdade. Nesse nível, temos uma admirável comédia de costumes, envolvendo a sincera tentativa de um homem rico de compreender os menos afortunados. As conseqüências inesperadas, no entanto, lhe ensinarão coisas de que nem sequer suspeitava.
Para os que gostam de cinema, podemos começar pela renovação que Preston Sturges impõe à comédia americana. Temos um filme em que a palavra "fim" aparece com menos de um minuto de duração!
E Sturges fala de cinema todo o tempo, das relações de força, das dificuldades da representação, da impossibilidade, no fim das contas, de um homem compreender algo que nunca experimentou.
O filme é de 1941 e Sturges estava começando uma carreira curta, que duraria não mais de dez anos. Ele era um espírito independente como o de seu Sullivan, e, já naquele tempo, isso pegava mal.


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