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Crítica
Preston Sturges inovou comédia americana
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O horário é intragável
(2h55), o título insuportável
("Contrastes Humanos"), o
diretor, quase desconhecido.
No entanto, quem se dispuser a
passar parte de sua madrugada
no Telecine Cult dificilmente
vai se arrepender.
Os que não gostam especialmente de cinema ainda assim
encontrarão ali uma das mais
inspiradas comédias dos anos
40, com a história do bem-sucedido diretor de cinema que,
disposto a falar da realidade social, disfarça-se de mendigo e
tenta sair pegando carona nos
trens de carga, a fim de conhecer o povo de verdade. Nesse
nível, temos uma admirável comédia de costumes, envolvendo a sincera tentativa de um
homem rico de compreender
os menos afortunados. As conseqüências inesperadas, no entanto, lhe ensinarão coisas de
que nem sequer suspeitava.
Para os que gostam de cinema, podemos começar pela renovação que Preston Sturges
impõe à comédia americana.
Temos um filme em que a palavra "fim" aparece com menos
de um minuto de duração!
E Sturges fala de cinema todo o tempo, das relações de força, das dificuldades da representação, da impossibilidade,
no fim das contas, de um homem compreender algo que
nunca experimentou.
O filme é de 1941 e Sturges
estava começando uma carreira curta, que duraria não mais
de dez anos. Ele era um espírito
independente como o de seu
Sullivan, e, já naquele tempo,
isso pegava mal.
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