São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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JOSÉ SIMÃO

Buemba! Trabalho no Brasil só se for de macumba!

Buemba! Buemba! Macaco Simão urgente! O braço armado da gandaia nacional! Direto do FHnistão! Moral do dia: tá todo mundo puto e sem um puto. E hoje eu acordei otimista. Ainda bem que o Malanta é ministro da Fazenda. Já imaginou se ele fosse piloto de avião? Ou neurocirurgião? Aí é que vocês iam ver o que é desgraça.
E olha as manchetes do dia: economia patina, o desemprego bate recorde e um amigo meu vai plastificar o bimbo pra economizar na camisinha. E trabalho agora no Brasil só se for trabalho de macumba. Brasileiro só encontra trabalho em encruzilhada. Mas eu acho que esse desemprego recorde é tática de campanha do FHC doutor honoris causa desemprego: ele desemprega todo mundo pro Serra prometer que emprega todo mundo. E o slogan do Lulalelé é: "Me arruma um emprego que eu arrumo um outro pra você".
Pior aquela argentina que queria se enforcar, mas não encontrou corda no mercado. E diz que aqui no Brasil a vaca vai pro brejo. Só que eu acho que vai faltar brejo pra tanta vaca! Vai ter placa "Procura-se brejo". E os tucanos, ao contrário do que diz "O Globo" hoje, falam que não estamos em recessão. É apenas uma desaceleração da aceleração.
E o real tá tão caro que um amigo meu vai abrir um supernegócio: um pedágio. Saia da crise, abra um pedágio. E até as piranhas estão apelando pra liquidação. Estenderam a faixa: "Estamos liquiDANDO". E o termômetro da crise é a lanchonete daqui da esquina, que ficava aberta até as oito da noite. Depois passou a fechar às sete. Agora fecha às seis. E amanhã nem abre mais. E ainda botou a faixa: "Estamos funcionando graças a Deus". E a lanchonete da frente rebateu com outra faixa: "E nós fechamos graças ao FHC". Rarará!
E uma empresária amiga minha disse que tá se sentindo como um jegue na areia movediça, só com o focinho pra fora! E, pra aumentar a fogueira, a Mônica Waldvogel disse no telejornal da manhã que os brasileiros não vão comprar nada até o fim do ano! Xi, então o consumidor, em vez de ir pro Procon, vai pro Ibama. Espécie em extinção. E eu, pra comprar alguma coisa, vou fazer exigências tipo superstar: só compro um liquidificador com dez toalhas brancas, 30 toalhas azuis, um engradado de água Perrier e 50 tipos de frutos da Malásia.
E os juros estão tão altos que olha a promoção no shopping: "TV 29 pra Copa Condor! À vista R$ 800 ou seis de R$ 800". Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza. Por enquanto. Hoje só amanhã! Que eu vou correndo pingar o meu colírio alucinógeno! Acorda, Brasil! Que eu vou dormir!

simao@uol.com.br



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