São Paulo, domingo, 29 de maio de 2005

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DVDTECA FOLHA

"Jackie Brown" ganha lançamento no próximo domingo

Tarantino resgata clima e musa soul dos anos 70

DA REDAÇÃO

Já consagrado pelo êxito de "Pulp Fiction - Tempo de Violência" (94), Quentin Tarantino tentaria caminho diferente em "Jackie Brown" (97), que a DVDteca Folha lança no próximo domingo. Seu estilo típico do cinema policial foi mantido, mas agora aparece um viés mais romântico e mais "acalmado" em relação a seus dois longas anteriores.
Mais conhecido nome do cinema independente norte-americano, Tarantino sempre reciclou gêneros, estilos e formas das outras décadas, dos clássicos de lutas marciais a filmes de assaltos. Misturando tudo, ele cria algo inédito, e foi assim que ele resgatou, por exemplo, John Travolta do anonimato, ele que foi o grande astro do final dos anos 70.
Em "Jackie Brown", o diretor resgata outra figura dessa época, a atriz Pam Grier, que foi musa do blaxploitation -nome dado aos filmes que tratavam de assuntos pertinentes e de interesse do público negro, algo inédito naqueles anos 70. A bela Grier participou de vários longas, como "Beyond the Valley of the Dolls" (70), de Mario van Peebles, e "Friday Foster" (74), de Arthur Marks.
Um dos seus maiores sucessos, "Foxy Brown", inspirou Tarantino, que lhe faz uma homenagem dando o sobrenome à sua personagem, Jackie Brown. Ela é uma comissária de bordo que transporta, via aérea, o pagamento de tráfico de armas. Isso até ser pega pela polícia, que a obriga a delatar no tribunal o traficante, Ordell Robbie (Samuel L. Jackson).
Em apuros, porque a liberdade poderá custar a sua vida, ela acaba conhecendo o agente de fianças Max Cherry (Robert Forster), que se apaixona por ela. Com duas cabeças funcionando, fica mais fácil para a moça planejar um modo de ludibriar a polícia e ainda levar o dinheiro de Ordell.
Mais do que o filme, a trilha sonora foi elogiada pela crítica, que resgatava a soul music e o funk da década de 70. A atuação de Samuel L. Jackson também foi aplaudida, sendo ele indicado ao Globo de Ouro (assim como Pam Grier) e vencendo o Urso de Prata no Festival de Berlim de 1997.
Robert Forster, outro ator resgatado por Tarantino, cujo trabalho mais conhecido foi o do soldado que encanta Marlon Brando em "O Pecado de Todos Nós" (67), também foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante.
Mantendo outra de suas tradições, a de reunir elenco do primeiro time, o cineasta contou com a participação de Robert de Niro (que faz um amigo de Ordell) e Bridget Fonda, que é a namorada do traficante. O papel, primeiramente, seria de Mira Sorvino, que na época namorava Quentin Tarantino.
Ainda que o sucesso de "Pulp Fiction" tivesse aberto as portas a Tarantino, o orçamento de "Jackie Brown" foi baixo, US$ 12 milhões (cerca de R$ 29 milhões), o que salientou as qualidades artísticas desse diretor, que inclusive escreveu o roteiro, baseado no livro "Rum Punch", de Elmore Leonard, escritor especializado em histórias policiais e pelo qual ele nutre grande admiração.


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