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Iberê em casa
Porto Alegre inaugura amanhã museu dedicado a Iberê Camargo,
um dos maiores pintores brasileiros, com um acervo de 4.000 obras
e projeto do premiado arquiteto Álvaro Siza
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Porto Alegre inaugura, amanhã, a nova sede da Fundação
Iberê Camargo (FIC), um projeto do arquiteto português Álvaro Siza, criando um dos melhores museus do país.
Na capital gaúcha, ele é o primeiro construído para esse fim,
já que as instituições até então
existentes, como o Museu de
Arte do Rio Grande do Sul
(Margs), utilizam prédios históricos criados para outros objetivos.
Com 8.000 m2, todo em concreto branco, de frente para o
rio Guaíba, até mesmo as sinalizações e os móveis do museu
são desenhados por Siza, criando um conjunto elegante e, melhor, que tem não só ótimas salas de exibição, mas uma reserva técnica que consegue abrigar todo o acervo da FIC: 4.000
obras de Iberê Camargo (1914-1994). Outra referência no país,
o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, projeto de Oscar Niemeyer, criado em 1996
para receber a coleção de João
Sattamini, não tem espaço para
guardar tal acervo.
"Poucos artistas deixaram
um conjunto tão fascinante para a família, um patrimônio
que precisava ser conservado.
Percebemos, então, que era
preciso buscar um arquiteto
com experiência internacional
na elaboração de um museu,
com conhecimento da melhor
tecnologia de preservação e exposição", conta o empresário
Jorge Gerdau Johanpeter, presidente da FIC, a respeito da
escolha de Siza para o projeto.
"Claro que a língua portuguesa
também ajudou, eu temia que
não fosse fácil a comunicação",
diz ainda o empresário.
Segundo Gerdau, o custo para a construção do museu foi de
R$ 40 milhões, 40% pagos por
patrocínio direto e 60% financiados pela Lei Rouanet. "Creio
que essa é uma boa equação para um museu privado que terá
entrada gratuita."
Para a crítica e curadora da
FIC Mônica Zielinsky, responsável pela organização do catálogo raisonné de Iberê, Gerdau
foi figura central para a criação
do novo museu: "Se não fosse a
dona Maria [Coussirat Camargo, viúva do artista], que preservou toda a obra do Iberê, o
dr. Gerdau, que investiu muito
no museu, e o Eduardo Haezbaert, que trabalhou com ele e
conhecia toda sua obra, nada
disso seria possível".
Com o novo museu, Porto
Alegre desponta como pólo
cultural do país. Com museus
como o Masp em crise, o Museu de Arte Moderna de SP
sem condições de expor sua coleção e a Bienal de São Paulo
nem sequer conseguindo curadores para apresentar projetos
(a "Bienal do vazio" de Ivo
Mesquita foi aprovada sem
concorrentes), a Bienal do
Mercosul, sediada em Porto
Alegre, anuncia em duas semanas o novo curador, para o qual
teve mais de 50 inscritos, incluindo ex-curadores da Documenta de Kassel e da Bienal de
SP. "Aqui, quando falamos em
cultura, estamos pensando
num projeto para a cidade", diz
Fabio Coutinho, superintendente cultural da FIC.
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