São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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Iberê em casa

Porto Alegre inaugura amanhã museu dedicado a Iberê Camargo, um dos maiores pintores brasileiros, com um acervo de 4.000 obras e projeto do premiado arquiteto Álvaro Siza

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Porto Alegre inaugura, amanhã, a nova sede da Fundação Iberê Camargo (FIC), um projeto do arquiteto português Álvaro Siza, criando um dos melhores museus do país.
Na capital gaúcha, ele é o primeiro construído para esse fim, já que as instituições até então existentes, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), utilizam prédios históricos criados para outros objetivos.
Com 8.000 m2, todo em concreto branco, de frente para o rio Guaíba, até mesmo as sinalizações e os móveis do museu são desenhados por Siza, criando um conjunto elegante e, melhor, que tem não só ótimas salas de exibição, mas uma reserva técnica que consegue abrigar todo o acervo da FIC: 4.000 obras de Iberê Camargo (1914-1994). Outra referência no país, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, projeto de Oscar Niemeyer, criado em 1996 para receber a coleção de João Sattamini, não tem espaço para guardar tal acervo.
"Poucos artistas deixaram um conjunto tão fascinante para a família, um patrimônio que precisava ser conservado. Percebemos, então, que era preciso buscar um arquiteto com experiência internacional na elaboração de um museu, com conhecimento da melhor tecnologia de preservação e exposição", conta o empresário Jorge Gerdau Johanpeter, presidente da FIC, a respeito da escolha de Siza para o projeto. "Claro que a língua portuguesa também ajudou, eu temia que não fosse fácil a comunicação", diz ainda o empresário.
Segundo Gerdau, o custo para a construção do museu foi de R$ 40 milhões, 40% pagos por patrocínio direto e 60% financiados pela Lei Rouanet. "Creio que essa é uma boa equação para um museu privado que terá entrada gratuita."
Para a crítica e curadora da FIC Mônica Zielinsky, responsável pela organização do catálogo raisonné de Iberê, Gerdau foi figura central para a criação do novo museu: "Se não fosse a dona Maria [Coussirat Camargo, viúva do artista], que preservou toda a obra do Iberê, o dr. Gerdau, que investiu muito no museu, e o Eduardo Haezbaert, que trabalhou com ele e conhecia toda sua obra, nada disso seria possível".
Com o novo museu, Porto Alegre desponta como pólo cultural do país. Com museus como o Masp em crise, o Museu de Arte Moderna de SP sem condições de expor sua coleção e a Bienal de São Paulo nem sequer conseguindo curadores para apresentar projetos (a "Bienal do vazio" de Ivo Mesquita foi aprovada sem concorrentes), a Bienal do Mercosul, sediada em Porto Alegre, anuncia em duas semanas o novo curador, para o qual teve mais de 50 inscritos, incluindo ex-curadores da Documenta de Kassel e da Bienal de SP. "Aqui, quando falamos em cultura, estamos pensando num projeto para a cidade", diz Fabio Coutinho, superintendente cultural da FIC.


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