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Mostra inaugural destaca transição
Segundo curadora, disposição não-cronológica evidencia a passagem de Iberê da arte moderna ao traço contemporâneo
Na primeira exposição da sede da FIC, 89 obras do artista gaúcho são dispostas em salas distintas, formando uma narrativa
DO ENVIADO A PORTO ALEGRE
Para a exposição inaugural
da Fundação Iberê Camargo
(FIC), os três andares do museu estarão ocupados com 89
obras do artista que dá nome à
instituição com"Iberê Camargo - Moderno no Limite", que
tem curadoria de Mônica Zielinsky, Paulo Sergio Duarte e
Sônia Salztein, trio até agora
responsável pelo conselho curatorial da instituição.
"Procuramos trazer à tona
momentos importantes do Iberê, sem seguir uma ordem cronológica, mas apresentando
obras que trazem questões fundamentais para a arte, no sentido de precisar como ele transita da arte moderna para a contemporânea", diz Zielinsky.
Assim, a mostra começa no
último piso, de acordo com o
percurso sugerido pelo arquiteto Álvaro Siza: sobe-se de elevador e depois caminha-se até o
térreo. Nas primeiras salas, estão os carretéis, que estão entre
os mais emblemáticos temas de
Iberê. "Vemos a explosão da
matéria, o questionamento da
forma", diz a curadora.
No andar intermediário, surgem as séries dos ciclistas e dos
idiotas. "Nesses trabalhos, criados a partir dos anos 80, já vemos uma certa narratividade,
tendo a solidão como tema",
conta Zielinsky. Essa fase lúgubre do artista, que traz de volta
a figura humana, surge após
1982 quando Iberê volta a viver
em Porto Alegre após ter sido
preso por um ano, no Rio. Lá,
ele havia cometido um assassinato, mas foi libertado por ter
sido julgado que o crime foi cometido em legítima defesa.
Essas distintas fases na vida
do artista, contudo, estão em
diálogo, pois a arquitetura de
Siza faz com que seja possível
observar obras dispostas em
distintas salas. "Com isso, o visitante pode criar a sua própria
narrativa", afirma Zielinsky.
Para essa primeira mostra, os
curadores escolheram não só
obras pertencentes ao acervo
da própria FIC, mas também de
colecionadores privados e de
instituições.
Essa visão abrangente da
obra do artista não será uma
constante na FIC, ficando em
cartaz apenas três meses. A
partir de agosto, obras de Iberê
ficarão apenas alocadas no segundo andar, enquanto os outros dois terão mostras de caráter temporário.
Entre outras, já
estão previstas uma panorâmica de Alberto da Veiga Guignard, uma coletiva de artistas
gaúchas, com Karim Lambrecht, Lúcia Koch e Elaine Tedesco, e uma retrospectiva de
Jorge Guinle, 20 anos após sua
morte.
(FCY)
IBERÊ CAMARGO - MODERNO NO LIMITE
Onde: Fundação Iberê Camargo (av.
Padre Cacique, 2.000, Porto Alegre, tel.
0/xx/51/3247-8000)
Quando: abertura, amanhã (para convidados); de ter. a sex., das 10h às 19h,
sáb. e dom., das 11h às 19h. Até 31/8
Quanto: entrada franca
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