São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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Mostra inaugural destaca transição

Segundo curadora, disposição não-cronológica evidencia a passagem de Iberê da arte moderna ao traço contemporâneo

Na primeira exposição da sede da FIC, 89 obras do artista gaúcho são dispostas em salas distintas, formando uma narrativa

DO ENVIADO A PORTO ALEGRE

Para a exposição inaugural da Fundação Iberê Camargo (FIC), os três andares do museu estarão ocupados com 89 obras do artista que dá nome à instituição com"Iberê Camargo - Moderno no Limite", que tem curadoria de Mônica Zielinsky, Paulo Sergio Duarte e Sônia Salztein, trio até agora responsável pelo conselho curatorial da instituição.
"Procuramos trazer à tona momentos importantes do Iberê, sem seguir uma ordem cronológica, mas apresentando obras que trazem questões fundamentais para a arte, no sentido de precisar como ele transita da arte moderna para a contemporânea", diz Zielinsky.
Assim, a mostra começa no último piso, de acordo com o percurso sugerido pelo arquiteto Álvaro Siza: sobe-se de elevador e depois caminha-se até o térreo. Nas primeiras salas, estão os carretéis, que estão entre os mais emblemáticos temas de Iberê. "Vemos a explosão da matéria, o questionamento da forma", diz a curadora.
No andar intermediário, surgem as séries dos ciclistas e dos idiotas. "Nesses trabalhos, criados a partir dos anos 80, já vemos uma certa narratividade, tendo a solidão como tema", conta Zielinsky. Essa fase lúgubre do artista, que traz de volta a figura humana, surge após 1982 quando Iberê volta a viver em Porto Alegre após ter sido preso por um ano, no Rio. Lá, ele havia cometido um assassinato, mas foi libertado por ter sido julgado que o crime foi cometido em legítima defesa.
Essas distintas fases na vida do artista, contudo, estão em diálogo, pois a arquitetura de Siza faz com que seja possível observar obras dispostas em distintas salas. "Com isso, o visitante pode criar a sua própria narrativa", afirma Zielinsky.
Para essa primeira mostra, os curadores escolheram não só obras pertencentes ao acervo da própria FIC, mas também de colecionadores privados e de instituições.
Essa visão abrangente da obra do artista não será uma constante na FIC, ficando em cartaz apenas três meses. A partir de agosto, obras de Iberê ficarão apenas alocadas no segundo andar, enquanto os outros dois terão mostras de caráter temporário.
Entre outras, já estão previstas uma panorâmica de Alberto da Veiga Guignard, uma coletiva de artistas gaúchas, com Karim Lambrecht, Lúcia Koch e Elaine Tedesco, e uma retrospectiva de Jorge Guinle, 20 anos após sua morte. (FCY)

IBERÊ CAMARGO - MODERNO NO LIMITE
Onde:
Fundação Iberê Camargo (av. Padre Cacique, 2.000, Porto Alegre, tel. 0/xx/51/3247-8000)
Quando: abertura, amanhã (para convidados); de ter. a sex., das 10h às 19h, sáb. e dom., das 11h às 19h. Até 31/8
Quanto: entrada franca


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