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Cuidado da viúva do artista facilita catalogação
DO ENVIADO A PORTO ALEGRE
Enquanto famílias de alguns
artistas já mortos têm dilapidado seu patrimônio, vendendo
trabalhos a esmo e até mesmo
promovendo cópias, Maria
Coussirat Camargo, 92, viúva
de Iberê Camargo, tem sido
fundamental para a preservação da obra de Iberê Camargo.
"Foi ela quem herdou as
4.000 obras do Iberê e não só
teve a idéia de doá-las todas para a Fundação Iberê Camargo,
como procurou o Jorge Gerdau
para viabilizar o museu", conta
a curadora Mônica Zielinsky.
"Foi minha mãe que me ensinou que eu deveria guardar todas as obras que eu ganhasse
dele, mesmo que fosse um pequeno desenho", diz dona Maria, em sua casa, rodeada de
quadros de Iberê, em Porto
Alegre. A única exceção é uma
pintura de Alberto da Veiga
Guignard (1896-1962), que foi
dada pelo próprio artista, quando professor do marido.
Juntos desde 1939, dona Maria foi a administradora da obra
de Iberê por todo o tempo casados. Ela estudou belas artes e
também queria ser artista. Mas,
lembra, uma vez, ao usar tintas
e pincéis do marido, foi advertida: "Ou tu, ou eu", disse Iberê.
"Desde então, nunca mais toquei num pincel", conta.
Em sua casa, dona Maria
guarda todos os cadernos de
anotação com registro de toda a
obra do artista, com valores pagos, parcelas, transferências.
Ela fotografou também todas
as obras e guarda os negativos,
o que facilita a realização do catalogue raisonné (catálogo da
obra completa de um artista).
Em vida, estima-se que Iberê
tenha produzido cerca de 7.000
obras. Publicada há dois anos, a
primeira parte do raisonné, dedicada à gravura, apontou 329
trabalhos neste suporte. Segundo Zielinsky, sairão outros
três volumes, um para a pintura, calcula-se 1.200 delas, outro
para os desenhos -a maior parte da produção-, e outro para
guaches.
(FCY)
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