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Arquivo guarda pepitas em cartas de ilustres
Acervo pessoal de Drummond na Casa de Rui Barbosa tem preciosidades
EM CARTA A GRACILIANO, DRUMMOND OPINA SOBRE O LANÇAMENTO "INFÂNCIA": "NADA LHE FALTA, NADA LHE SOBRA"
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Correspondência acessível em fundação vai muito além da troca com grandes escritores já publicada em livro
DO ENVIADO AO RIO
Em meio a dezenas de cartas de nomes desconhecidos,
é possível garimpar na correspondência pessoal de
Drummond na Casa de Rui
Barbosa algumas pepitas relacionadas a figuras ilustres.
É o caso do escritor Dalton
Trevisan, de quem há 10 cartas a Drummond, a maioria
quando o paranaense era
ainda um jovem e o mineiro
já poeta consagrado. Em carta de 8 janeiro de 1955, Trevisan citou trecho de uma outra enviada por Drummond
em 1946, avaliando "Sonata
ao Luar", o livro de estreia
que mais tarde o "Vampiro
de Curitiba" renegaria.
O poeta disse ser um "bom
começo", para quem tem "...
alguma coisa a contar. Você
tem. É ir se despojando da visão "literária" das coisas e
procurando fixá-las na sua
expressão própria, (...) abandonando as sugestões fáceis,
as comparações que são quase sempre insuficiência da
expressão, as bonitas palavras, as frases de efeito."
Aí Trevisan pede para
mandar novos escritos: "Serão umas 30 páginas, você leria quando quisesse e se quisesse e depois me devolvia,
com 2 ou 3 linhas: Dalton, você é advogado, porque não se
dedica às causas?".
Na correspondência entre
Drummond e Carlos Lacerda
há curiosidades como um
mal-entendido em 1975.
O político, jornalista e editor envia um livro ao amigo,
com a dedicatória: "Para Carlos Drummond de Andrade,
que não gosta de mim, mas
certamente gosta de Fernando Pessoa (...)".
Drummond responde:
"Ninguém é indiferente ao
"charmeur" fascinante que
você é, e mesmo os que supõem detestá-lo, no fundo
gostam de você. Apenas discordei de posteriores atitudes políticas de você, o que é
coisa comum na vida (...)".
Chico Buarque, em 1972,
envia, a pedido de Roberto
Freire (o psicanalista), uma
carta pedindo que Drummond opine sobre o projeto
"Jornalivro" [periódico cultural]. Assim termina Chico:
"Quanto a mim, fico sem jeito, entrei de Cristo na história, apesar de achar o negócio bacana. Deixo o envelope
na portaria, peço desculpas e
dou no pé. Um abraço apavorado do, Chico Buarque".
(FV)
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