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CRÍTICA
BIOGRAFIA/TEATRO
Biografia revela o dia a dia de Célia Helena
Livro e revista acadêmica reconstituem o legado da artista e educadora no teatro e na memória cultural do país
CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA
Escrita por Nydia Licia,
"Célia Helena: Uma Atriz Visceral" reconstrói sua trajetória através de tons distintos.
Por uma via mais intimista, alguns familiares e colegas de palco fazem depoimentos espontâneos ao relembrar anedotas mais atrevidas de coxia.
Numa vertente mais clássica, o livro combina relatos
de grandes diretores com trechos de resenhas publicadas
por críticos de teatro.
Recebem maior atenção
suas participações no Teatro
Oficina, com a histórica montagem nos anos 1960 de "Pequenos Burgueses", de Máximo Gorki, dirigida por José
Celso Martinez Corrêa, e nos
anos 1970 de "Pano de Boca", dirigida por Fauzi Arap.
Com isso, o grande trunfo
do livro é alinhavar passagens mais marcantes de sua
carreira a fragmentos da memória cultural do país.
Ao se voltar para seu passado como educadora, porém, os generosos testemunhos de colaboradores que
serviram como seu braço direito à frente da criação do
Teatro-Escola Célia Helena
focam mais as dificuldades
do dia a dia, não possibilitando ao leitor acessar com clareza seu legado didático.
REVISTA
Esta pequena falha na biografia parece se redimir na
bem-vinda revista "Olhares",
uma fusão de estudos acadêmicos com textos voltados à
prática teatral, publicada pela Escola Superior de Artes
Célia Helena sob a editoria de
Lígia Cortez e do convidado
Luiz Fernando Ramos, também crítico da Folha.
Com conteúdo abrangente
e sólido, este primeiro robusto número abre com uma reflexão dos diretores Renato
Ferracini, Marcelo Lazzaratto
e Marco Antonio Rodrigues
sobre a pedagogia do ator.
O "processo colaborativo"
é abordado por Antônio
Araújo e Rosyane Trotta. Há
uma brilhante discussão sobre o "trabalho de mesa" por
profissionais da área, que
culmina com uma bela entrevista com Maria Thereza Vargas e Nydia Licia sobre o desenvolvimento da prática de
se debruçar sobre os textos
nas décadas de 1940 e 1960.
Nas originais seções fixas,
merecem destaque "Técnica", em que o iluminador Davi de Brito dá dicas sobre sua
arte; "Dramaturgia Latino-Americana", com a peça
"Mulheres Sonham Cavalos", do argentino Daniel Veronese; e "Retrato", um grande final com Cleyde Yáconis,
por Oswaldo Mendes.
"Olhares" acaba por cristalizar o verdadeiro legado
de Célia Helena, fundadora
de um espaço de discussão
que se tornou hoje um dos
maiores núcleos de pesquisa
em artes cênicas no país.
CÉLIA HELENA:
UMA ATRIZ VISCERAL
AUTOR Nydia Licia
EDITORA Imprensa Oficial
QUANTO R$ 30 (160 págs.)
AVALIAÇÃO bom
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