São Paulo, domingo, 29 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Série policial tem Jack Bauer à brasileira

Investigador de "9 MM", que terá nova temporada na Fox, tortura e mata para salvar quem acha que merece

Produção traz Norival Rizzo, de carreira consagrada no teatro há mais de 30 anos, em raro papel na televisão

LAURA MATTOS
DE SÃO PAULO

O que Jack Bauer faria se tivesse de usar as suas 24 horas para colocar um fim na onda de ataques do PCC a policiais em São Paulo, ocorrida em maio de 2006? Como seria um dia na vida do agente americano se ele não trabalhasse na CTU, em Los Angeles, mas no departamento de homicídios, no centrão da capital paulista? Em "9 MM", série sobre a polícia de São Paulo que ganha nova temporada na Fox, o investigador Horácio, interpretado por Norival Rizzo, tem um quê de Jack Bauer.
Quando considera necessário, tortura e até mata "bandidos" para salvar quem ele acha que merece.
Formado nos porões da ditadura militar, não sabe trabalhar com regras que não sejam as suas próprias. Mas não se aproveita disso para se dar bem: segue sem grana, com um Del Rey detonado.
Em um cenário de corrupção, Horácio se torna um anti-herói ao conseguir, por exemplo, salvar uma menina estuprada que está prestes a ser morta pelo cara.
Esperar a burocracia liberar um mandado de prisão e arriscar a vida da criança? Melhor negociar com o bandido para soltar a menina e, em seguida, assassiná-lo.
Na segunda temporada, um novato chega à delegacia com as leis na ponta da língua. Quer solicitar uma perícia especial até para defunto esquartejado em um terreno na "casa do caralho" e fala o que deveria ser feito de acordo com "o procedimento".
Para Horácio e sua turma, "procedimento de cu é rôla".
Os palavrões, perdão ao leitor, são marca da série, que tenta dar um tom realista ao cotidiano dos policiais. A próxima temporada será mais centrada no drama dos agentes e nos crimes solucionados a cada episódio.
Serão sete agora. A primeira, exibida entre 2008 e 2009, teve 13, com foco nas questões políticas, e terminou com a reconstituição romanceada dos ataques do PCC que paralisaram São Paulo.
A produtora de "9 MM", que vai ao ar na América Latina e já foi vendida ao Japão e Portugal, é a brasileira Moonshot Pictures, com criação de Roberto d'Ávila, Newton Cannito e Carlos Amorim, autor do livro "CV-PCC -A Irmandade do Crime" (editora Record).
A série é financiada por leis de incentivo. Para a primeira temporada, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) liberou R$ 4,1 milhões e, para esta, R$ 3,4 milhões.

ESFINGE
Os protagonistas são experientes no teatro, mas pouco conhecidos na TV. Um deles, Marcos Cesana, o investigador Tavares, morreu em 2010, aos 44 anos. Havia terminado de filmar a temporada, que encerrará com "in memoriam Marcos Cesana".
Horácio se torna mais importante agora. Contra ele, fora os bandidos, está a Corregedoria, que veio para moralizar a polícia de "9 MM".
Horácio é um dos raríssimos papéis televisivos de Rizzo, que há mais de três décadas atua no teatro. Com prêmios Shell no currículo, conta que só é reconhecido nas ruas pelos infantis da Cultura nos anos 80, como a esfinge do "Rá-Tim-Bum".
"Outro dia uma morena linda olhava para mim no trem. "Será que é comigo mesmo?", pensei. Aí ela se aproximou e perguntou: "Não é você que fazia o "Rá-Tim-Bum". Putz...", ri.

NA TV
9MM
Estreia da segunda temporada
QUANDO 14/6, às 22h, na Fox
CLASSIFICAÇÃO 18 anos



Texto Anterior: Crítica: Bombardeio de dados e de ideias não encerra a discussão
Próximo Texto: Raio-X: Norival Rizzo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.