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EXPOSIÇÃO
História, essa caixinha de surpresas
DE NOVA YORK
Engana-se quem pensa
que o conceito de multimídia é recente. Sua origem data de centenas de anos antes
da invenção do computador,
da TV e do vídeo. Na verdade, surgiu no Renascimento,
nos séculos 16 e 17, no afã de
conhecimento criado pelas
primeiras enciclopédias.
Eram as chamadas "Wunderkammern", câmaras de
maravilhas, em alemão,
também conhecidas como
gabinetes de curiosidades ou
gabinetes de maravilhas, que
reuniam, às vezes em espaços tão pequenos quanto
uma caixa, às vezes num
prédio inteiro, o que de mais
moderno, curioso e inusitado havia sido produzido pelo conhecimento.
Desde o começo do mês a
Biblioteca Pública de Nova
York tenta reproduzir um
pouco esse ambiente, com a
exposição "The Public's
Treasures: A Cabinet of Curiosities from The New York
Public Library" (Os Tesouros Públicos - Um Gabinete
de Curiosidades), que vai até
agosto.
A mostra apresenta 250
itens divididos em cinco
partes, começando por "The
World in a Nutshell - A Peek
Inside Cabinets of Curiosities" (O Mundo em Resumo
- Uma Espiada nos Gabinetes de Curiosidades", em que
são detalhadas as origens do
conceito, na Europa renascentista, e sua rápida proliferação pelos EUA.
Aqui, é curiosa a leitura de
uma lista de novidades de
uma câmera de curiosidades
do século 17: dois dentes do
tamanho de um punho que
pertenceram a um homem
gigantesco; um jogo de xadrez cujas peças pesam menos de 1g; o pedaço de um
chifre de unicórnio (nem todos achavam então que o
animal mítico era mítico).
As outras quatro submostras são agrupadas em
"guerra e fama", "expressão
escrita", "tabu" e "coleções
incomuns". Entre os destaques da segunda, está uma
irônica edição feita de
amianto do livro "Fahrenheit 451", ficção futurista
de 1951 escrita pelo norte-americano Ray Bradbury,
81, que virou filme de Truffaut e trata justamente de
uma sociedade totalitária
em que a leitura é proibida e
todo o material impresso,
incinerado.
Há ainda uma rebuscada
bússola do século 19 que supostamente consegue determinar o fengshui de uma
área. Fengshui é a prática
milenar chinesa que relaciona a posição dos objetos no
espaço com prosperidade,
saúde e felicidade. Virou
moda na década de 90 entre
jovens casais endinheirados
do mundo todo.
Como toda Wunderkammern que se preze, há objetos de valor histórico indubitável e muita esquisitice
também. Uma amostra: um
cilindro babilônico do século 6 a.C., da época do reinado
de Nabucodonossor; um romance escrito em inglês sem
a utilização da letra "e", a
mais usada na língua.
"Nós não fomos atrás apenas do estranho", disse a co-curadora Jeanne Bornstein.
"Tentamos escolher itens
que estivessem ligados a algum acontecimento pouco
comum da história, mostrassem alguma novidade
ou tivessem uma origem notável."
(SÉRGIO DÁVILA)
Na internet: www.nypl.org
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