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LIVROS
DIREITOS AUTORAIS
Projeto aprovado no Senado espera só sanção presidencial
CBL questiona a lei da numeração em carta a FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
Tendo guardado silêncio no
primeiro momento após a aprovação no Senado, na terça, da lei
que obriga à numeração de livros
e CDs, a Câmara Brasileira do Livro oficializou, ontem, sua posição contrária à norma.
A posição oficial da CBL saiu de
reunião na tarde de quarta e se
consolidou em carta, que seria enviada ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso, na qual
a instituição pede que ele não sancione o projeto de lei da deputada
Tânia Soares (PC do B-SE).
Segundo a assessoria parlamentar, FHC tem até o dia 17 de julho
para decidir se veta (total ou parcialmente) ou se sanciona o projeto de lei.
Tanto a carta da CBL quanto a
entrevista dada à Folha pelo presidente da instituição, Raul Wassermann, 59, reiteram a repercussão medida no mercado editorial
nos últimos dias.
"A manifestação da Luciana Villas-Bôas é praticamente o que todo mundo pensa", disse Wassermann, lembrando a opinião da
editora da Record: se aprovada, a
lei levará ao aumento dos preços,
por conta do processo manual de
numeração -mas não só.
Em entrevista à Folha, Villas-Bôas levantara a possibilidade de
que a literatura nacional saia prejudicada, em termos de mercado:
os editores poderiam diminuir as
apostas em brasileiros, sobretudo
novos autores, vendo neles alto
custo sem garantia de retorno.
Comparando os possíveis efeitos da norma sobre a indústria fonográfica e a editorial, Wassermann vê os livros em situação
mais drástica: "Se o produto final
deles, que é de custo barato, vai
aumentar R$ 0,01 por unidade, no
livro isso é muito mais".
Além de determinar a numeração sequencial, ordinal e crescente, dos livros e CDs, o projeto de
lei prevê que cada artista também
assine os exemplares.
"Todo mundo já reclama, e nós
concordamos, que o livro tem um
preço que o faz pouco acessível",
diz Wassermann. "E uma lei, de
uma deputada de partido que se
diz popular, o torna mais caro."
Segundo o presidente da CBL, o
projeto -emenda à Lei 9.610/98,
que já visava o controle da produção das obras como meio de garantir o pagamento correto dos
direitos autorais- é "eleitoreiro"
e pouco eficiente.
Na carta firmada por Wassermann e enviada ontem ao presidente, a CBL destaca que a numeração sequencial já era prevista
em lei de 1973 e acabou por não
ser aplicada "em face das dificuldades técnicas".
Além disso, o documento ressalta que "controlar a própria numeração é tarefa inatingível na
vastidão do mercado brasileiro".
"A Câmara Brasileira do Livro
vê, com apreensão, a instituição
de um sistema que fatalmente encarecerá o custo final do livro,
sem trazer os elementos de controle desejados, conforme a experiência já demonstrou no passado", diz a carta, que conclui com a
instituição editorial se dispondo a
debater alternativas ao projeto.
(FRANCESCA ANGIOLILLO)
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