|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Reichenbach faz cinema "de contrabando"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É fantástica a capacidade do
cinema de se desvincular da
realidade referencial para, no
entanto, ser verdadeiro. "A
Ilha dos Prazeres Proibidos"
(Canal Brasil, 22h40) foi feito
num tempo de censura brava,
no fim dos anos 70. Carlos Reichenbach, seu diretor, exilou
seus personagens para aventuras erótico-políticas na Ilha
dos Prazeres -situada em algum lugar indefinido da América Latina.
Não existe América Latina
-no sentido hispânico do termo- em lugar nenhum do filme. Existe o litoral paulista. No
entanto, o uso muito apropriado da música como que contrabandeia essa América, permitindo que a censura deixasse o
filme em paz.
Isso não é tudo, claro. Essa
Ilha dos Prazeres que foi um
dia imaginada por Rogério
Sganzerla (ver "A Mulher de
Todos") de certa forma reafirma a filiação de Reichenbach
ao cinema "marginal" do final
dos 60: cinema de gênero, para
a massa. Mas também um clássico do cinema muamba (de
contrabando).
Texto Anterior: Cinema: Filmes trazem mulheres em extremos Próximo Texto: Osvaldinho recupera samba rural de SP Índice
|