São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

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CRÍTICA ERUDITO

Novo projeto de Neschling tem acertos e um exagero

Companhia Brasileira de Ópera começa por BH turnê de "O Barbeiro de Sevilha"

SIDNEY MOLINA
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A Companhia Brasileira de Ópera, novo projeto do maestro John Neschling, inova na utilização da tecnologia.
Com ela, dá mobilidade a produções que, tradicionalmente, demandam espaços fixos e cenários complexos.
Sob a direção cênica de Pier Francesco Maestrini e regência do próprio Neschling, "O Barbeiro de Sevilha", de Rossini (1792-1868), estreou no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, na última quinta-feira e, ao longo dos próximos cinco meses, passará por outras 14 cidades.
A criativa animação realizada pelo cartunista Joshua Held corre sincronizada com a música de Rossini durante todo o espetáculo. Além de substituir cenários, ela apresenta cada uma das personagens "senza parlare" -antes que apareçam em carne, osso e voz-, e permite diferentes interações com os cantores.
Edward Said disse que a comédia "procura seus materiais no comportamento inoportuno", como no "velho que se apaixona pela moça"; mas "é também a própria comédia que propicia a restauração do oportuno".
Se "O Barbeiro" é exemplo disso, a encenação parece enfatizar demais os elementos ridículos para além das sutilezas do classicismo rossiniano. Esse nivelamento beneficia o Conde (Luciano Botelho), mas retira malícia de Rosina (Anna Pennisi) e afeta o Fígaro (Leonardo Neiva), que perde muito de seu ar "falstaffiano" e fica sem força, presa do riso fácil.
Mas nada disso interfere na interpretação musical, que esbanja leveza e inteligência: boa orquestra, integração entre vozes e instrumentos e um extraordinário Bartolo construído pelo baixo Pepes do Valle.


O BARBEIRO DE SEVILHA

AVALIAÇÃO bom

O crítico SIDNEY MOLINA viajou a convite do MinC


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