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CRÍTICA ERUDITO
Novo projeto de Neschling tem acertos e um exagero
Companhia Brasileira de Ópera começa por BH turnê de "O Barbeiro de Sevilha"
SIDNEY MOLINA
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
A Companhia Brasileira de
Ópera, novo projeto do maestro John Neschling, inova na
utilização da tecnologia.
Com ela, dá mobilidade a
produções que, tradicionalmente, demandam espaços
fixos e cenários complexos.
Sob a direção cênica de
Pier Francesco Maestrini e regência do próprio Neschling,
"O Barbeiro de Sevilha", de
Rossini (1792-1868), estreou
no Palácio das Artes, em Belo
Horizonte, na última quinta-feira e, ao longo dos próximos cinco meses, passará
por outras 14 cidades.
A criativa animação realizada pelo cartunista Joshua
Held corre sincronizada com
a música de Rossini durante
todo o espetáculo. Além de substituir cenários, ela apresenta cada uma
das personagens "senza parlare" -antes que apareçam
em carne, osso e voz-, e permite diferentes interações
com os cantores.
Edward Said disse que a
comédia "procura seus materiais no comportamento inoportuno", como no "velho
que se apaixona pela moça";
mas "é também a própria comédia que propicia a restauração do oportuno".
Se "O Barbeiro" é exemplo
disso, a encenação parece
enfatizar demais os elementos ridículos para além das
sutilezas do classicismo rossiniano. Esse nivelamento
beneficia o Conde (Luciano
Botelho), mas retira malícia
de Rosina (Anna Pennisi) e
afeta o Fígaro (Leonardo Neiva), que perde muito de seu
ar "falstaffiano" e fica sem
força, presa do riso fácil.
Mas nada disso interfere
na interpretação musical,
que esbanja leveza e inteligência: boa orquestra, integração entre vozes e instrumentos e um extraordinário
Bartolo construído pelo baixo Pepes do Valle.
O BARBEIRO DE SEVILHA
AVALIAÇÃO bom
O crítico SIDNEY MOLINA viajou a convite
do MinC
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