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Nanico "ex-" revive em edição especial
Publicação em fac-símile de jornal satírico que circulou de 1973 a 1975 inclui versão censurada por militares
Caixa com 20 números é
lançada hoje à noite com um debate sobre
imprensa alternativa
no Brasil nos anos 70
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO
Lançado em meio ao escândalo de Watergate, em janeiro de 1974, o terceiro número do jornal alternativo
"ex-" estampou na capa uma
fotomontagem com o presidente americano Richard Nixon vestido de presidiário.
Vigorava a ditadura no
Brasil, Geisel tomava posse, e
dois dos editores do "ex-",
Sérgio de Souza e Narciso Kalili, foram presos por "atentar
contra chefe de Estado de
país amigo".
Era o primeiro recado do
regime, que mais tarde fecharia o periódico, como resposta à 16ª edição (outubro
de 1975), cuja reportagem de
capa denunciava o assassinato do jornalista Vladimir
Herzog pelos militares.
As histórias e a história do
"ex-" revivem com o lançamento, pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Imprensa
Oficial de SP, de uma edição
fac-similar com todos os números do jornal e mais alguns que nem circularam.
O nanico reaparece ao público hoje à noite, com um
debate sobre imprensa alternativa nos anos 70 reunindo
Dácio Nitrini (organizador da
edição), Fernando Morais e
Mylton Severiano.
Criado por ex-integrantes
de outros alternativos, como
"O Bondinho" e "Grilo" (daí
o nome), fundia sátira à resistência política, com grandes
entrevistas e reportagens,
quadrinhos e opinião.
NOVA ESQUERDA
"Vários alternativos eram
ligados a partidos clandestinos, enquanto o "ex-" era de
um grupo de jornalistas de
uma nova esquerda, com liberdade total de pensamento, mas também contrária ao
regime e combativa", afirma
Nitrini, que participou de todos os números lançados.
Após a morte de Herzog, o
"ex-" produziu reportagem
detalhada sobre o assassinato (que o regime divulgava
ter sido suicídio), sob o título:
"Liberdade, liberdade, abre
as asas sobre - a morte do jornalista Vladimir Herzog".
O número seguinte, que
traria a repercussão do caso,
foi censurado pelos militares
e nem chegaria às bancas.
Poderá ser conhecido agora, junto com os 16 números
regulares e mais três edições
especiais, uma delas feita
apenas para o relançamento,
com textos de quem participou da criação coletiva que
foi o jornal, entre eles Nitrini
e Mylton Severiano.
RELANÇAMENTO
DO JORNAL EX-
ORGANIZAÇÃO Dácio Nitrini
EDITORA Imprensa Oficial e
Instituto Vladimir Herzog
QUANTO R$ 140,00 (caixa com 20
edições fac-similares)
LANÇAMENTO hoje, às 19h, na
Livraria da Vila dos Jardins
(al. Lorena, 1.731, tel.: 0/xx/11/
3062-1063), debate sobre a
imprensa alternativa nos anos 70,
com Dácio Nitrini, Fernando
Morais e Mylton Severiano
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