São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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BIA ABRAMO

TV ainda não sabe aproveitar internet


São poucas as tentativas de usar o espaço virtual da televisão de forma a "caber" mais informação

A TV ESTÁ sendo, de alguma forma, reorganizada pela internet, à medida que seus conteúdos "vazam" para a rede e possibilitam novas maneiras de assisti-los, mas ainda não descobriu exatamente como fazer o caminho inverso, ou seja, como aproveitar a rede para pensar novas maneiras de veicular informações.
Não se está falando aqui dos inúmeros programas de pseudo-jornalismo de celebridades, nos quais os apresentadores fazem um recorte-e-cole do "noticiário" veiculado nos sites de fofocas. Nem dos sites de programas de TV que utilizam a internet para disponibilizar material excedente e criar ganchos de interatividade.
A televisão tem sido espantosamente lenta em aprender com a internet no sentido da linguagem, sobretudo na forma de tratar informação. Das cabeças-falantes do jornalismo ao uso meramente ilustrativo da imagem, a televisão ainda é um veículo muito linear: a tela da TV é uma abertura pela qual a informação se organiza de maneira seqüencial, e essa seqüência estabelece relações bastante hierarquizadas entre som e imagem.
São poucas e ainda tímidas as tentativas de usar o espaço virtual da TV de forma a "caber" mais informação e a diversificar a atenção do espectador. Os canais de notícia já usam há um certo tempo a estratégia de separar a tela em "fatias" ou "frames", com informações laterais, mas ainda é pouco diante das possibilidades já testadas e de uso comum na rede.
Talvez a partir de um temor de que o telespectador seja menos afeito à simultaneidade de informações ou esteja num momento de relaxamento, a TV tem se mostrado conservadora em termos de linguagem. Nesse sentido, a BandNews está testando programete bastante interessante.
Chama-se "Memória Viva" e consiste em um minidocumentário montado a partir do material de arquivo da TV Bandeirantes. O tema é organizado a partir de uma linha do tempo, que aparece na tela, e a "história" é contada por meio de uma colagem de imagens de noticiário e jingles de publicidade, ao mesmo tempo em que uma série de palavras-chave que "definem" o período são dispostas acima da linha do tempo.
Dura dois minutos e consegue reunir uma quantidade impressionante de informação, num dropes inteligente e dinâmico. O mais sugestivo é que funciona tão bem na TV (está inserido diariamente na programação da BandNews) quanto na rede (no site da BandNews e no YouTube: br.youtube.com/watch?v=Qbzs6qR7A5Q), o que indica que há uma série de possibilidades ainda a serem exploradas.

biabramo.tv@uol.com.br


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