São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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DA RUA
Judas

FERNANDO BONASSI

Estou abraçando vigorosamente e beijando a face do Homem. Sinto nos lábios seu rosto suado. Do esforço que tem feito por mim. A contar esse meu abraço e beijo, devo tê-lo traído uma dúzia de vezes. Só hoje. E ele ainda me retém contra si. Me beija. Também percebo a umidade cálida de sua boca. Ele ofega. Mais júbilo que cansaço, agora. Sua alegria em me beijar é vitalidade sem reservas. Sua bondade e seu cuidado, que pulverizo com a requintada falsidade dos meus sorrisos. Ele pode saber que eu sei que ele sabe. Não muda nada. É assim que precisamos um do outro.



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