|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Vocalista do Simply Red está no Brasil apenas para divulgar o disco "Blue"; "show no país, talvez em 99", disse
Mick Hucknall vende seu peixe no Brasil
MARCELO NEGROMONTE
da Redação
Mais uma vez mais um artista internacional vem ao país para "divulgar" o lançamento do seu mais
recente disco. Entrevista coletiva a
jornais e revistas, perguntas e respostas inúteis, evasivas e óbvias,
forte controle de imagem por parte da gravadora, presença em programas populares de TV. Essa é a
enfadonha rotina do contratado
de uma gravadora que vem ao
Brasil para não fazer show algum.
O artista em questão é o britânico Mick Hucknall, vocalista da
banda Simply Red, que já veio ao
Brasil -para shows- em 88 e 93,
durante o Hollywood Rock, e esteve em um hotel de luxo de São
Paulo anteontem para falar sobre
"Blue", sexto álbum da banda,
sem contar as coletâneas e EP.
O objetivo da visita promocional
é tão-somente angariar mais espaço na mídia. Não esclarece, não
aprofunda nem traz novidades.
Como em algumas situações
constrangedoras durante a entrevista realizada anteontem: "Em
que você se inspira para compor
músicas tão lindas e maravilhosas?", questionou um jornalista à
Hucknall. "Eu ainda tenho paixão
por fazer música. Eu acho que a
vida me estimula muito", respondeu o cantor.
Ou ainda, sobre a dívida externa
brasileira: "Acho que o Brasil ainda deveria dar o calote nos credores (ele tinha dito isso na última
vez que veio ao país). Tudo é uma
grande confusão, como está acontecendo no Japão", disse.
Mais: "Qual música deste disco
você dedicaria a Michael Owen
(melhor jogador de futebol da Inglaterra hoje)?", perguntou outro
jornalista. "Nenhuma. Eu não dedicaria nenhuma música a um jogador do Liverpool", respondeu
Hucknall, que torce pelo Manchester United.
Fotografar o cantor, apenas por
alguns minutos, antes da entrevista, em uma espécie de estúdio improvisado no hotel, para que a foto seja publicada com a imagem
que seu empregador pretende comercializar.
Sobre o disco "Blue", Hucknall
afirmou que "o espírito do álbum
reflete um sentimento "blue'
(triste, melancólico, em inglês)"
que ele estava vivendo, fruto do
fim de um caso amoroso, durante
a turnê do álbum "Life" (95).
Outra tarefa incumbida ao cantor foi a de participar do popular
"Domingão do Faustão", no último domingo. Obrigação que ele
não vê nenhum problema em
cumprir. "Eu apenas sigo as indicações da gravadora no Brasil, que
aponta o que é melhor."
Mas se mostrou realista ao final:
"Quanto mais famoso você é,
mais tem que trabalhar, mesmo
indo a programas populares. Quero que todos ouçam a minha música, sem distinção de classes".
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|