São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA
Vocalista do Simply Red está no Brasil apenas para divulgar o disco "Blue"; "show no país, talvez em 99", disse
Mick Hucknall vende seu peixe no Brasil

MARCELO NEGROMONTE
da Redação

Mais uma vez mais um artista internacional vem ao país para "divulgar" o lançamento do seu mais recente disco. Entrevista coletiva a jornais e revistas, perguntas e respostas inúteis, evasivas e óbvias, forte controle de imagem por parte da gravadora, presença em programas populares de TV. Essa é a enfadonha rotina do contratado de uma gravadora que vem ao Brasil para não fazer show algum.
O artista em questão é o britânico Mick Hucknall, vocalista da banda Simply Red, que já veio ao Brasil -para shows- em 88 e 93, durante o Hollywood Rock, e esteve em um hotel de luxo de São Paulo anteontem para falar sobre "Blue", sexto álbum da banda, sem contar as coletâneas e EP.
O objetivo da visita promocional é tão-somente angariar mais espaço na mídia. Não esclarece, não aprofunda nem traz novidades.
Como em algumas situações constrangedoras durante a entrevista realizada anteontem: "Em que você se inspira para compor músicas tão lindas e maravilhosas?", questionou um jornalista à Hucknall. "Eu ainda tenho paixão por fazer música. Eu acho que a vida me estimula muito", respondeu o cantor.
Ou ainda, sobre a dívida externa brasileira: "Acho que o Brasil ainda deveria dar o calote nos credores (ele tinha dito isso na última vez que veio ao país). Tudo é uma grande confusão, como está acontecendo no Japão", disse.
Mais: "Qual música deste disco você dedicaria a Michael Owen (melhor jogador de futebol da Inglaterra hoje)?", perguntou outro jornalista. "Nenhuma. Eu não dedicaria nenhuma música a um jogador do Liverpool", respondeu Hucknall, que torce pelo Manchester United.
Fotografar o cantor, apenas por alguns minutos, antes da entrevista, em uma espécie de estúdio improvisado no hotel, para que a foto seja publicada com a imagem que seu empregador pretende comercializar.
Sobre o disco "Blue", Hucknall afirmou que "o espírito do álbum reflete um sentimento "blue' (triste, melancólico, em inglês)" que ele estava vivendo, fruto do fim de um caso amoroso, durante a turnê do álbum "Life" (95).
Outra tarefa incumbida ao cantor foi a de participar do popular "Domingão do Faustão", no último domingo. Obrigação que ele não vê nenhum problema em cumprir. "Eu apenas sigo as indicações da gravadora no Brasil, que aponta o que é melhor."
Mas se mostrou realista ao final: "Quanto mais famoso você é, mais tem que trabalhar, mesmo indo a programas populares. Quero que todos ouçam a minha música, sem distinção de classes".



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.