São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bahia frita os nervos do All Saints

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

O que uma distinta senhora, como esta que vos fala, faz em Salvador subindo ladeira, investigando o Mercado Modelo e aspirando os ventos do Farol da Barra atrás de quatro inglesinhas pop?
Trata-se de uma longa história, que começa em 1993 na rua All Saints, no bairro londrino de Ladbroke Grove, e termina em uma banquinha de acarajé no Pelourinho.
O All Saints, quarteto que pegou emprestado o nome da rua e acaba de lançar disco homônimo pelo selo PolyGram, não dispensa apresentações.
O CD "All Saints", segundo a gravadora, vendeu três milhões de cópias na Grã Bretanha e outro meio milhão nos Estados Unidos.
Mas, por ora, Melanie Blatz, 21, Shaznay T. Lewis, 21, e as irmãs Nicky, 22, e Natalie Appleton, 24, só são conhecidas pelos tapuias que vivem plugados na MTV.
Que o digam as fãs baianas das Spice Girls, que, na entrada do programa "H", versão Salvador, receberam o All Saints gritando em coro: "I lóv Ispáice! I lóv Ispáice!".
A provocação deixou o grupo de tromba. Pudera. Em turnê promocional pela América Latina, elas cumprem uma agenda de fritar nervos.
Em dois dias e meio de Brasil, deram um giro por Salvador, acompanhadas pelos energúmenos Rodolfo, ET e Barbara Gancia, se apresentaram nos programas de Luciano Huck e Hebe Camargo e fizeram ainda uma participação ao vivo no programa "Domingo Legal".
Nesse ritmo, não há Bahia de Todos os Santos que eleve o astral de "todas as santas".
Mas o clima "se hoje é sexta, devemos estar em Tegucigalpa" não foi o maior vilão.
Bastou esta anciã enfiar as Spice Girls na conversa para as meninas virarem bicho: "Nada temos a ver com elas", torpedeou Melanie. "Nós fazemos mú-si-ca", frisou Natalie.
"Não podemos ser comparadas a ninguém", explicou Shaznay.
Mais calminha, Nicky ponderou: "A rixa com as Spices Girls é pura invenção da imprensa. Nós só cruzamos com elas uma vez, muito de passagem".
Obsessão
Ser as anti-Spices parece obsessão. No palco, as Saints escondem toda a sensualidade por trás de roupas largonas.
A coreografia é amena, como a dos grupos negros dos anos 50.
Mas justiça seja feita. Existem notáveis diferenças entre o All Saints e as Spice Girls.
De Milli Vanilli, as santinhas nada têm: são boas de voz e fazem um pop porreta, para ouvidos com mais de 12 anos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.