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Bahia frita os nervos do All Saints
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
O que uma distinta senhora,
como esta que vos fala, faz em
Salvador subindo ladeira, investigando o Mercado Modelo
e aspirando os ventos do Farol
da Barra atrás de quatro inglesinhas pop?
Trata-se de uma longa história, que começa em 1993 na
rua All Saints, no bairro londrino de Ladbroke Grove, e
termina em uma banquinha
de acarajé no Pelourinho.
O All Saints, quarteto que pegou emprestado o nome da rua
e acaba de lançar disco homônimo pelo selo PolyGram, não
dispensa apresentações.
O CD "All Saints", segundo a
gravadora, vendeu três milhões de cópias na Grã Bretanha e outro meio milhão nos
Estados Unidos.
Mas, por ora, Melanie Blatz,
21, Shaznay T. Lewis, 21, e as
irmãs Nicky, 22, e Natalie Appleton, 24, só são conhecidas
pelos tapuias que vivem plugados na MTV.
Que o digam as fãs baianas
das Spice Girls, que, na entrada do programa "H", versão
Salvador, receberam o All
Saints gritando em coro: "I lóv
Ispáice! I lóv Ispáice!".
A provocação deixou o grupo
de tromba. Pudera. Em turnê
promocional pela América Latina, elas cumprem uma agenda de fritar nervos.
Em dois dias e meio de Brasil, deram um giro por Salvador, acompanhadas pelos
energúmenos Rodolfo, ET e
Barbara Gancia, se apresentaram nos programas de Luciano
Huck e Hebe Camargo e fizeram ainda uma participação
ao vivo no programa "Domingo Legal".
Nesse ritmo, não há Bahia de
Todos os Santos que eleve o astral de "todas as santas".
Mas o clima "se hoje é sexta,
devemos estar em Tegucigalpa" não foi o maior vilão.
Bastou esta anciã enfiar as
Spice Girls na conversa para as
meninas virarem bicho: "Nada
temos a ver com elas", torpedeou Melanie. "Nós fazemos
mú-si-ca", frisou Natalie.
"Não podemos ser comparadas a ninguém", explicou
Shaznay.
Mais calminha, Nicky ponderou: "A rixa com as Spices
Girls é pura invenção da imprensa. Nós só cruzamos com
elas uma vez, muito de passagem".
Obsessão
Ser as anti-Spices parece obsessão. No palco, as Saints escondem
toda a sensualidade por trás de
roupas largonas.
A coreografia é amena, como a
dos grupos negros dos anos 50.
Mas justiça seja feita. Existem
notáveis diferenças entre o All
Saints e as Spice Girls.
De Milli Vanilli, as santinhas nada têm: são boas de voz e fazem
um pop porreta, para ouvidos
com mais de 12 anos.
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