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Quasar resgata o próprio passado em duas coreografias
Companhia goiana, que completa duas décadas no ano que vem, apresenta a partir de hoje em SP "Divíduo", de 1998, e "Uma História Invisível", de 2006
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
"Divíduo", coreografia da
Quasar que volta a São Paulo
após sete anos, começa com um
telefonema para um disque-pizza -de verdade. Só ao chegar o motoboy é avisado de que
o pedido deve ser entregue no
palco, em pleno espetáculo.
A peça tem uma hora de duração, então a chance de a pizza
não chegar a tempo é pequena
(se isso acontecer, guarde o nome da pizzaria para nunca correr o risco de pedir algo lá).
A cena é só um dos exemplos
de "busca do real" imaginados
pelo coreógrafo Henrique Rodovalho, 42, em seu "tratado
sobre a solidão". A coreografia,
de 1998, é uma das duas obras
que a companhia goiana leva de
hoje a domingo ao Sesc Pinheiros -a outra é "Uma História
Invisível", de 2006.
Embora seja um dos trabalhos preferidos de Rodovalho, a
"Divíduo" raramente é apresentada pela Quasar, pelas dificuldades de montagem. A começar pelo cenário, que reproduz quatro ambientes -dois
apartamentos "reais, com paredes, sofás, telefones" e outros
dois, "mais abstratos".
"Divíduo" é o indivíduo que,
embora solitário, pode ser dividido", raciocina Rodovalho. Foi
a partir dessa obra e dessa idéia
de divisões, explica, que começou a se delinear o estilo de gestual da companhia, marcado
pela fragmentação, de "dividir"
o corpo em várias partes.
De lá para cá, o espetáculo
precisou se adaptar ao tempo. A
bailarina que na década passada ligava para o telessexo agora
telefona para uma pessoa que
conheceu na internet. Rodovalho está em busca de alguém
em São Paulo para ser o interlocutor -alguém que, como o desavisado motoboy, não saberá
que fará parte de uma peça.
Cinco sentidos
"A História Invisível", por
sua vez, volta menos preocupada em ser... visível. Inspirada
nos cinco sentidos humanos, o
espetáculo estreou em novembro passado com a idéia de ter
"início, meio e fim", como definiu Rodovalho à época.
O roteiro da "fábula em três
atos" mostrou ser menos claro
do que pretendia o coreógrafo.
"Reapresentei na Alemanha e
melhorei a dramaturgia. No
início, tinha receio de as pessoas não entenderem nada,
mas acabei percebendo que era
mais interessante provocar
uma história do que tentar descrever uma."
Criada em 1988 por um grupo de alunos de uma academia
em Goiânia, a companhia se
prepara para, no ano que vem,
celebrar seus 20 anos. O espetáculo comemorativo será lançado em dezembro, no teatro
Alfa. Chamado "Instantes de
Felicidade", fará releituras de
várias obras da Quasar.
DIVÍDUO e UMA HISTÓRIA INVISÍVEL
Quando: hoje e amanhã, às 21h ("Divíduo"); sáb. e dom., às 18h ("Uma História Invisível")
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme,
195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 15
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