São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quasar resgata o próprio passado em duas coreografias

Companhia goiana, que completa duas décadas no ano que vem, apresenta a partir de hoje em SP "Divíduo", de 1998, e "Uma História Invisível", de 2006

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

"Divíduo", coreografia da Quasar que volta a São Paulo após sete anos, começa com um telefonema para um disque-pizza -de verdade. Só ao chegar o motoboy é avisado de que o pedido deve ser entregue no palco, em pleno espetáculo.
A peça tem uma hora de duração, então a chance de a pizza não chegar a tempo é pequena (se isso acontecer, guarde o nome da pizzaria para nunca correr o risco de pedir algo lá).
A cena é só um dos exemplos de "busca do real" imaginados pelo coreógrafo Henrique Rodovalho, 42, em seu "tratado sobre a solidão". A coreografia, de 1998, é uma das duas obras que a companhia goiana leva de hoje a domingo ao Sesc Pinheiros -a outra é "Uma História Invisível", de 2006.
Embora seja um dos trabalhos preferidos de Rodovalho, a "Divíduo" raramente é apresentada pela Quasar, pelas dificuldades de montagem. A começar pelo cenário, que reproduz quatro ambientes -dois apartamentos "reais, com paredes, sofás, telefones" e outros dois, "mais abstratos".
"Divíduo" é o indivíduo que, embora solitário, pode ser dividido", raciocina Rodovalho. Foi a partir dessa obra e dessa idéia de divisões, explica, que começou a se delinear o estilo de gestual da companhia, marcado pela fragmentação, de "dividir" o corpo em várias partes.
De lá para cá, o espetáculo precisou se adaptar ao tempo. A bailarina que na década passada ligava para o telessexo agora telefona para uma pessoa que conheceu na internet. Rodovalho está em busca de alguém em São Paulo para ser o interlocutor -alguém que, como o desavisado motoboy, não saberá que fará parte de uma peça.

Cinco sentidos
"A História Invisível", por sua vez, volta menos preocupada em ser... visível. Inspirada nos cinco sentidos humanos, o espetáculo estreou em novembro passado com a idéia de ter "início, meio e fim", como definiu Rodovalho à época.
O roteiro da "fábula em três atos" mostrou ser menos claro do que pretendia o coreógrafo.
"Reapresentei na Alemanha e melhorei a dramaturgia. No início, tinha receio de as pessoas não entenderem nada, mas acabei percebendo que era mais interessante provocar uma história do que tentar descrever uma."
Criada em 1988 por um grupo de alunos de uma academia em Goiânia, a companhia se prepara para, no ano que vem, celebrar seus 20 anos. O espetáculo comemorativo será lançado em dezembro, no teatro Alfa. Chamado "Instantes de Felicidade", fará releituras de várias obras da Quasar.


DIVÍDUO e UMA HISTÓRIA INVISÍVEL
Quando:
hoje e amanhã, às 21h ("Divíduo"); sáb. e dom., às 18h ("Uma História Invisível")
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 15


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Cibelle traz o brilho das folhas elétricas ao país
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.