Músico compôs, produziu, arranjou e gravou sozinho todos os instrumentos das dez faixas de seu novo álbum, "Chapter 9'

Canções são em inglês, que, segundo cantor, é o idioma que está em sua cabeça; turnê deve começar em setembro, com antigos hits

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desta vez Ed Motta não deixou por menos. Em "Chapter 9", seu novo álbum, o compositor e cantor carioca gravou sozinho todos instrumentos e vocais, assina as composições, os arranjos e a produção.
"Entrei no estúdio para gravar uma demo tape. Só depois de um tempo comecei a conviver com a idéia de fazer o disco sozinho", diz, garantindo que o projeto não foi premeditado.
"O João Marcello [Bôscoli, produtor-executivo do selo Trama] disse que, se eu gravasse essas músicas de novo, perderia espontaneidade", afirma.
Outra novidade na discografia de Motta vem nas letras das dez canções de "Chapter 9": todas compostas em inglês. A soturna "The Man from the Oldest Building", que abre o CD, é a única com letra do parceiro Claudio Botelho. As restantes foram escritas pelo britânico Rob Gallagher (ex-Incognito).
"Todas as músicas que faço são pensadas para ser cantadas em inglês", diz Motta, que afirma ter vontade de fazer um disco inteiro em inglês há muito tempo. "Se fosse possível sobreviver no Brasil cantando em inglês, eu nem gravaria em português. O inglês é o idioma que está na minha cabeça. Isso tem a ver com a sonoridade", diz.
Segundo ele, nem mesmo o formato do álbum foi planejado. Ao entrar no estúdio, só sabia o que não queria. "Hoje, em discos brasileiros, você só ouve bandas e cantores que parecem indie europeu ou essa coisa meio careta, que mistura Diana Krall com Norah Jones", diz.

"New romantic"
Outro desejo que Motta concretizou nesse álbum é o de se aproximar do rock. A influência é evidente em "Tommy Boy's Big Mistake", recheada por guitarras, ou "You're Supposed to", cuja bateria e teclados eletrônicos remetem ao "new romantic" dos 80. "Tudo de que gosto na música eu descobri por causa do rock, especialmente com o Led Zeppelin. Isso acabou aparecendo agora."
Curiosamente, ao contrário do que fez nesse CD, Motta pretende tocar pouco em sua próxima turnê, prevista para começar em setembro. "Vou ser apenas um crooner", brinca.
Para celebrar os 20 anos de sua estréia em disco, vai relembrar seus sucessos, inclusive o funk "Manoel", que tem sido esnobado em seus shows. "Será um presente para o público que sempre me apoiou. Vou cantar todas as músicas de que as pessoas gostam, inclusive aquelas de que tenho mais preguiça."