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Coleção Folha apresenta Nara Leão, musa da bossa
Vida da cantora é tema do livro-CD que chega às bancas no próximo domingo
Diz a lenda que a bossa nova
teria surgido nas reuniões
diárias no apartamento da
família Leão, no bairro
carioca de Copacabana
DA REPORTAGEM LOCAL
Conhecida como a musa da
bossa nova, ela foi também uma
das críticas mais agudas desse
estilo musical. A vida e a obra
da cantora e violonista Nara
Leão (1942-1989) são focalizadas no sexto livro-CD da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às lojas no próximo domingo, dia 7.
Nara é personagem central
de um dos mitos mais saborosos da história da música brasileira. Diz essa lenda, ainda hoje
mais propagada do que propriamente negada, que a bossa
nova teria surgido nas reuniões
diárias que aconteciam no confortável apartamento da família Leão, no bairro carioca de
Copacabana, na segunda metade da década de 50.
Conta-se que, embora o mestre João Gilberto quase não tenha freqüentado esses encontros musicais, outros adeptos e
agitadores da bossa nova, como
o letrista Ronaldo Bôscoli (que
se tornou namorado de Nara),
os violonistas Roberto Menescal, Carlos Lyra e Chico Feitosa, ou os pianistas Luiz Eça e
Luiz Carlos Vinhas, participavam desses encontros.
Ter convivido desde a adolescência, diariamente, com a batida moderna e o canto suave
da bossa nova, não impediu que
Nara se afastasse dessa música
por cerca de uma década. Em
1961, ao saber que Bôscoli a
traiu com a cantora Maysa, Nara rompeu não só com o namorado, mas também com Menescal e outros amigos do círculo
bossa-novista, decretando assim o fim das lendárias reuniões musicais.
"Chega de bossa nova. Chega
de cantar para dois ou três intelectuais uma musiquinha de
apartamento", ela declarou à
imprensa, em 1964, depois de
lançar o álbum "Opinião de Nara" (Philips), com sambas de
morro de Zé Kéti e canções de
protesto de Sérgio Ricardo e
João do Vale. Por essas e outras, nessa época chegaram até
a chamá-la de "traidora da bossa nova".
A reconciliação demorou,
mas se deu em grande estilo.
Em 1971, a cantora gravou em
Paris um álbum duplo dedicado
à bossa nova, intitulado "Dez
Anos Depois" (Philips), no qual
interpretou sucessos de Tom
Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell e Johnny Alf. Mesmo rejeitando o título de musa da bossa,
Nara não agüentou ficar longe
da música que praticamente
viu nascer.
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