THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Se a procura for por coisa nova no hip hop feito aqui no Brasil, um dos caminhos é a compilação "Direto do Laboratório". Ou, também, passa pelo organizador da coletânea, Fábio Luis, o Parteum, e seu Mzuri Sana, trio que lança álbum de estréia, "Bairros Cidades Estrelas Constelações".
Parteum, aos 28, assim como sua banda (de cinco anos), nem são tão novos assim, mas dá para dizer que eles estão levando o rap nacional a destinos não muito comuns ao que se vê por aí.
"Bairros Cidades..." carrega pouco, ou quase nada, da herança da "velha guarda" dos rappers nacionais. Aqui as rimas são levadas com batidas soltas e suingadas, que lembram o hip hop experimental americano. Há toques de eletrônica, de samba (um pouco) e de rock (um pouco). Explica-se, talvez, pelos cinco anos vividos por Parteum na Califórnia.
Filho de pais divorciados, criado na Vila Arapoá, em São Paulo, ele trabalhava como bancário e, ao ser demitido, foi para os EUA, onde era contato de uma distribuidora de peças de skate.
"Apesar de ser da periferia, eu tive algumas chances. Nos EUA, guardava muito do meu salário para comprar discos", conta, citando EL-P, Antipop Consortium, De La Soul, Dr. Dre e... The Police como influências.
Parteum foi levado para valer ao rap pelo irmão, Rappin Hood, da "velha guarda". "Eu fazia algumas músicas por diversão, e meu irmão me convidou para produzir duas faixas de um disco dele. Eu falei: "Pô, mas você vive dizendo que eu sou ruim". Ele respondeu: "Mas está aprendendo"."
Apesar de encarnar a "face nova" do hip hop brasileiro, Parteum não renega a geração anterior. "Racionais, Rappin Hood, DMN..., esses caras criaram a demanda pelo rap no país."

Garimpo
Além do disco de sua banda, Parteum garimpou os grupos que entraram na coletânea "Direto do Laboratório", com nomes ainda pouco conhecidos, como Quinto Andar, Consequência e Elo da Corrente. "Todos ali estão tentando fazer hip hop de um jeito novo, diferente, mesmo que de formas conflitantes."