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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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Vencedor do Oscar com os filmes "Sindicato de Ladrões" e "A Luz É para Todos", diretor delatou comunistas nos anos 50

Cineasta Elia Kazan morre aos 94 nos EUA

DA REDAÇÃO

O cineasta e diretor de teatro naturalizado norte-americano Elia Kazan morreu ontem aos 94 anos, em sua casa em Nova York, de acordo com a sua advogada, Floria Lasky. Ela não revelou as causas da morte.
Ficou célebre por filmes como "Uma Rua Chamada Pecado" -que lançou Marlon Brando no cinema- e "Sindicato de Ladrões", Oscar de melhor filme e diretor em 1954.
Foi um dos fundadores do Actors" Studio, que transformou o modo de representar no teatro e no cinema norte-americanos. Com suas montagens teatrais, Kazan ajudou a consagrar autores como Tennesse Williams ("Um Bonde Chamado Desejo" e "Gata em Teto de Zinco Quente") e Arthur Miller ("A Morte do Caixeiro Viajante").
Em Hollywood, além do Oscar por "Sindicato de Ladrões", recebeu a premiação por ter dirigido "A Luz É para Todos" (1947). Assinou ainda a direção de clássicos como "Vidas Amargas" (1955, um dos principais filmes de James Dean) e "Viva Zapata!" (1952).
Depois de completar 50 anos, passou a se dedicar à literatura. Escreveu seis romances e uma autobiografia. Dois livros viraram filmes dirigidos por ele mesmo, "América, América" (1963) e "Movidos pelo Ódio" (1969).

Delação
O diretor teve sua carreira marcada pelo fato de ter denunciado, ao Comitê de Atividades Antiamericanas do Senado, oito companheiros de teatro que, como ele, tinham pertencido ao Partido Comunista nos anos 30. A delação aconteceu durante depoimento no dia 10 de abril de 1952.
E não foi tudo. Depois disso, ele publicou um anúncio pago no jornal "The New York Times" denunciando o comunismo e conclamando outras pessoas a colaborar com o comitê. Nas suas memórias, publicadas em 1988, o cineasta disse que não se arrepende e que faria tudo de novo.
Essa atitude fez do diretor ""persona non grata" para vários integrantes da classe artística.
Em 1999, líderes da Academia de Cinema de Hollywood decidiram dar ao cineasta um prêmio especial pelo conjunto da obra, o que reabriu feridas e despertou controvérsias. Na noite da entrega do prêmio, a cargo do diretor Martin Scorsese e do ator Robert de Niro, muitos presentes se recusaram a aplaudir Kazan.

Biografia
Kazan, cujo nome verdadeiro era Elia Kazanjoglous, nasceu no dia 7 de setembro de 1909, em Constantinopla (atual Istambul), na Turquia.
Filho de um vendedor de tapetes grego, em 1913 mudou-se com a família para o bairro nova-iorquino do Harlem. Depois, a família foi para Nova Rochelle.
Frequentou os bancos da faculdade Williams, onde assistiu ao filme "Encouraçado Potemkin", de Sergei Eisenstein. Em decorrência, resolveu concentrar seus estudos nas artes performáticas.
Depois de formado, entrou para a Escola de Drama da Universidade Yale e para o Grupo de Teatro de Nova York, em 1933.
Kazan foi casado por três vezes. Com sua primeira mulher, Molly Day Thatcher, teve quatro filhos: Judy, Chris, Nick e Katharine. Após a morte de Thatcher, o cineasta casou com Barbara Loden e teve mais dois filhos: Leo and Marco. Loden morreu de câncer em 1967. Em 1982, ele casou com Frances Rudge.
Além desses casamentos, em suas memórias ele descreve vários casos amorosos, entre eles um com a atriz Marilyn Monroe.



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