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CINEMA
Produtores fazem projeções nos EUA e pedem ajuda a Fernando Meirelles, Hector Babenco, Walter Salles e Bruno Barreto
"2 Filhos" arma lobby para chegar ao Oscar
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Agora é Copa do Mundo", diz
um empolgado Zezé Di Camargo,
que convoca entrevista coletiva e
fala por duas horas sobre a escolha de "2 Filhos de Francisco" para concorrer a uma vaga no Oscar.
Ele e o irmão Luciano não sabem para que lado correr, mas
querem ajudar os produtores do
filme sobre a história da dupla na
campanha para chegar a Hollywood -a Academia divulgará os
concorrentes selecionados em janeiro. "A gente não entende nada
disso, mas está falando com várias
pessoas para pedir dicas", conta.
O plano para tentar colocar os
sertanejos no tapete vermelho já
está traçado pela Conspiração Filmes, produtora do longa que ultrapassou nesta semana a marca
de 3,1 milhões de espectadores,
maior bilheteria do ano no país.
A estratégia envolve exibições a
distribuidores nos EUA e "troca
de figurinhas" com diretores brasileiros de projeção internacional
e com membros do governo, a fim
de obter apoio institucional e financeiro para a campanha.
"Nossa batalha agora é conseguir um distribuidor norte-americano. Estamos mostrando o filme a várias companhias para
acertar a distribuição internacional ou pelo menos nos EUA", explica Leonardo Monteiro de Barros, sócio da Conspiração.
Estão animados com a aprovação do vice-presidente de marketing da Sony Pictures International, Sal Ladrestro. "Ele assistiu ao
filme e mandou uma mensagem
dizendo que se emocionou muito,
que vai batalhar para colocar o filme no circuito internacional", fala
Breno Silveira, diretor do longa.
Famoso pelo agudos, Zezé Di
Camargo sobe o tom: "O cara
chorou com o filme. Vocês imaginam o que significa isso?! É como
se você fosse caixa do Bradesco e
tivesse conseguido agradar ao
presidente do banco", compara o
cantor, que confessa ainda não se
cansar de telefonar para Paula Lavigne, produtora de "2 Filhos".
"Ela me dá muitas dicas porque
entende tudo desse "business"."
Enquanto ele fala com a (ex-)
mulher de Caetano Veloso, Monteiro de Barros e Breno Silveira estão em contato com diretores "experientes" em Oscar. Silveira conversou com Hector Babenco, indicado à estatueta de melhor diretor por "O Beijo da Mulher Aranha" (85). "Ele me disse que não é
fácil, mas deu dicas e falou que
acha que temos chance, que o filme tem o sonho americano."
Silveira recebeu e-mail de Fernando Meirelles, de "Cidade de
Deus", que concorreu em quatro
categorias no ano passado. Do
brasileiro "queridinho" de Hollywood no momento, diz ter recebido elogio e apoio. "Devo conversar pessoalmente com ele na próxima semana, no Festival do Rio."
"2 Filhos" costura ainda o apoio
de Bruno Barreto ("O que É Isso,
Companheiro?", indicado a melhor filme estrangeiro em 1997), e
Walter Salles ("Central do Brasil",
que concorreu na mesma categoria no ano seguinte, além de participar da disputa de melhor atriz,
com Fernanda Montenegro).
"Esperamos contar com a ajuda
desses diretores. Eles podem promover "2 Filhos", mostrá-lo a seus
conhecidos nos Estados Unidos,
falar com pessoas de lá sobre o filme", afirma Monteiro de Barros.
A Conspiração mantém um
lobby paralelo para tentar emplacar o longa no Globo de Ouro, cujos vencedores são conhecidos
poucos dias antes da divulgação
da seleção para o Oscar. A primeira competição, assim, pode funcionar como prévia da segunda.
No caso do Globo de Ouro não
há uma seleção oficial do país, como no Oscar. Vários títulos podem concorrer, e "Casa de Areia",
dirigido por Andrucha Waddington, da Conspiração, também entra na campanha da produtora.
Elogiada pela crítica, a obra protagonizada pelas Fernandas Montenegro e Torres foi sucesso de crítica e fracasso de público, com cerca de 130 mil espectadores.
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