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Crítica/VMB
Prêmio foi verdadeiro "V.EMO.B"
Mesmice promovida pela MTV foi dominada por emos; banda do americano Marilyn Manson fez playback em show
THIAGO NEY
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Será que é o pop brasileiro
que faz do VMB uma mesmice
ou será que é o VMB que faz do
pop brasileiro uma mesmice?
Já faz algum tempo que a
música, em particular o clipe,
deixou de ser o foco da MTV,
mas a premiação da emissora
ainda é o principal evento do tipo da música brasileira.
Em sua 13ª edição, ocorrida
anteontem à noite no Credicard Hall, em São Paulo, o VMB
neste ano bem que poderia ser
chamado de V.EMO.B. Bandas
emo como NXZero, Fresno e
Strike dominaram o evento.
O NXZero levou troféus nas
categorias Artista do Ano, Hit
do Ano (por "Razões e Emoções") -e seu vocalista, Diego
Ferrero, ainda foi escolhido o
Gostoso do Ano.
Na mesma linha de hardcore
melódico, o Fresno foi a Banda
Revelação, enquanto Strike foi
escolhida a Aposta MTV.
Outra constatação. Faltam
novos ídolos na música deste
país. Em uma das categorias, a
Banda dos Sonhos, o público
escolhia um baterista, um baixista, um guitarrista e um vocalista que, em seguida, tocariam
uma música ao vivo.
Os escolhidos deste ano foram: Pitty (vocalista), Fabrízio
Martinelli (Hateen; guitarra),
Japinha (CPM 22; bateria) e
Champignon (Revolucionnários; baixo). Exatamente os
mesmos do ano passado. Coloque Edgard Scandurra na guitarra e você tem a banda dos sonhos de 2005...
A baiana Pitty reina no VMB
há alguns anos. Anteontem,
"Na Sua Estante" deu à cantora
o prêmio de Clipe do Ano.
Playback
Para tentar sair da mesmice,
a MTV apostou em nomes internacionais. Marilyn Manson
e Juliette and the Licks se apresentaram ao vivo na premiação.
(Aliás, será que a MTV parou
nos anos 90? Na categoria Artista Internacional, o ganhador
não foi Amy Winehouse, não
foi Lily Allen nem Justin Timberlake ou Arctic Monkeys. Foi
Red Hot Chili Peppers...)
Manson tocou duas músicas.
Foram oito intermináveis minutos de metal-gótico. Manson
realmente cantou, mas sua
banda fez playback. Feio.
Juliette Lewis foi atração à
parte. Não pelo show, um rock
de garagem genérico, mas pela
simpatia -falou com todo o
mundo, fez poses para fotógrafos, deu selinho no VJ Marcos
Mion e não parava de repetir
que o "Brasil é maravilhoso".
Além deles, teve apresentações ao vivo de, entre outros,
NXZero, Lobão (que parecia
querer exprimir toda a sua rebeldia vestindo uma camiseta
com a estampa "Peidei, mas
não fui eu") e Sandy & Junior
-esta a melhor da noite.
Além de Juliette Lewis, outro
ator que também revelou uma
(insuspeita) faceta musical foi
André Ramiro, o ex-porteiro de
cinema que interpreta um policial em "Tropa de Elite".
Convidado a apresentar o
show do rapper Sandrão com o
DJ Cia (um equívoco misturando temas japoneses com hip
hop), Ramiro subiu ao palco rimando (bem) e citando Sabotage. "Eu tenho um trabalho como artista de hip hop, toquei no
circuito da Lapa [centro do
Rio], estou gravando um disco",
disse à Folha o ator/cantor.
E teria enxergado na platéia
-cheia de garotos bem criados
e muitos mais afeitos ao NXZero do que ao rap- o público
que comprou a versão pirata de
"Tropa de Elite", que vazou antes do filme estrear no cinema?
"Acho que tanto a classe média quanto o pessoal das favelas
viu a versão pirata. Teve muita
gente que baixou pela internet
também, e aí não é coisa a que o
pessoal pobre tenha acesso."
Com camisa e calça social,
discreto, Paulinho da Viola,
convidado a apresentar o show
de Lobão, destoava. "Acho...
saudável", foi o que disse à Folha sobre o VMB e suas bandas.
O senador Eduardo Suplicy
acabou perdendo o novo troféu
de Web Hit (para o melhor vídeo da internet) para o infame
"Vai Tomar no Cu", de Cris Nicolotti -ele concorria com a interpretação de Racionais MC's
no Senado. Mas não se furtou a
protagonizar um dos momentos mais constrangedores da
noite: subiu ao palco "encenando" uma briga com seu filho Supla e depois "cantou" "Vamo
Pulá" para chamar o show da
dupla Sandy & Júnior, num claro caso de quebra do decoro.
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